Contra o garimpo ilegal, indígena brasileira recebe Prêmio Goldman 2023


O Brasil e a Floresta Amazônica vêm sofrendo ataques assassinos e desastrosos devido à mineração em terras tradicionais indígenas.

Estes ataques impactam negativamente não só o meio ambiente mas também todo a história cultural e ancestral de nosso país.

Com o intuito de proteger a Natureza, temos grandes nomes como Ailton Krenak, Sônia Guajajara, Davi Kopenawa e tantos outros líderes e ambientalistas engajados na luta para salvar a fauna e a flora brasileiras.

Vencedora do Prêmio Goldman

Mais do que merecido, Alessandra Korap Munduruku, líder da comunidade indígena Munduruku, recebeu o Prêmio Goldman de 2023, que reconhece o ativismo de base contra a mineração na Floresta Amazônica, para proteger o território Munduruku da gigante da mineração Anglo American.

O Goldman Environmental Prize (Prêmio Goldman de Meio Ambiente) é um prêmio atribuído anualmente a seis defensores do meio ambiente, de cada uma das seis regiões geográficas: África, Ásia, Europa, Ilhas e Ilha das Nações unidas, América do Norte e do Sul e América Central.

Alessandra e seus parceiros contra o garimpo ilegal, redigiram uma carta aberta pedindo que a mineradora retirasse as licenças para realizar pesquisas de mineração em territórios indígenas na Amazônia brasileira.

Detalhe: as licenças foram emitidas sem o consentimento informado das comunidades indígenas, exigido pela Constituição do Brasil.

Como resultado, a Anglo American retirou 27 pedidos de pesquisa para minerar dentro de territórios indígenas.

Coragem que vem da terra

Alessandra Korap Munduruku conta que pediu coragem ao rio, pediu a força do território e a resistência dos povos tradicionais que lutam há mais de 500 anos pela nossa terra.

A mudança da empresa representa uma vitória muito importante de uma comunidade indígena sobre uma das maiores mineradoras do mundo.

Ela também disse que a mídia social desempenhou um papel fundamental para dar mais visibilidade à luta, aumentando a pressão sobre a Anglo American.

Alessandra conta que começou a atuar na defesa dos territórios indígenas em 2014, depois de testemunhar a área ao redor do rio Tapajós, onde cresceu, sofrer com a mineração e o desmatamento.

A ativista explica:

“Onde eu moro [no Pará, às margens do rio Tapajós], estão surgindo cada vez mais assentamentos. Meu povo vive da pesca para se alimentar. Mas já existem lugares onde o garimpo contaminou a água e matou do peixe.

Quando eu era criança, tinha uma liberdade imensa. Pescávamos nos rios e nas lagoas, colhíamos frutas e as sementes que usamos para fazer nosso artesanato. Mas a partir de 2014, vi essas áreas virarem desertos por garimpeiros e outros grandes máquinas”.

Mais luta: papeis de gênero

Alessandra diz que não foi fácil assumir um papel de liderança em sua comunidade, marcada pelo patriarcado e pelo machismo.

Ela conta que na cultura tradicional dos Munduruku são os homens que tomam as decisões e que as mulheres ficam cuidando dos filhos e do lar.

Segundo ela, outra mulher, Maria Leusa Kaba Munduruku, a encorajou a desafiar esses rígidos papéis de gênero:

“Maria Leusa me viu e me disse: ‘Alessandra, continua, não desista, você vai levar muito pau dos homens, dos chefes, mas nós, mulheres, não podemos ceder'”.

Ela conta que sempre acreditou que era importante que todas as vozes fossem ouvidas, inclusive as das mulheres e crianças, mas que no início encontrou resistência.

Determinada a continuar defendendo a terra onde seu povo vive,
Alessandra afirma que, na última década, cada vez mais mulheres se uniram à luta pela defesa de seus territórios e hoje desempenham um papel fundamental.

A carta aberta enviada à megaempresa foi baseada na declaração oficial elaborada em Assembleia com a presença de 45 caciques e 200 participantes.

A vencedora do Prêmio Goldman para América do Sul e Central, Alessandra Munduruku, ao ser homenageada, ainda disse que a luta precisa continuar e que a união dos povos faz a força.

Parabéns pela sua atitude, Alessandra, guardiã das nossas florestas!

Fonte: BBC

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Lara Meneguelli


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