Calotropis procera: erva daninha que produz seda vegetal


Conheça a matéria-prima vegetal alternativa à seda de origem animal, derivada de uma planta considerada erva daninha, ou mato, denominada cientificamente de Calotropis procera.

Veja como é essa planta e como ela pode ser utilizada para produzir a seda vegetal.

Crueldade na indústria têxtil

Muitas pessoas ficam chocadas quando descobrem a crueldade por trás da produção têxtil, feita a partir de matérias-primas de origem animal, como por exemplo, os tecidos de lã e de seda, que inclusive mostramos nos respectivos conteúdos abaixo:

Felizmente, existem cidadãos e empreendedores que estão enxergando o lado sombrio e cruel das indústria têxtil e da moda, indo na contramão da crueldade, utilizando tecidos alternativos como por exemplo:

Classificação e denominações da Calotropis procera

A Calotropis procera é uma espécie oriunda da família Apocynaceae.

Essa planta é conhecida popularmente por vários nomes:

  • bombardeira
  • algodão-de-seda
  • flor-de-seda
  • algodoeiro-de-seda
  • paina-de-seda
  • paininha-de-seda
  • queimadeira
  • leiteira
  • paina-de-sapo
  • algodão-da-praia
  • maçã-de-Sodoma
  • saco-de-velho
  • bago-de-véio
  • pé-de-balão
  • ciúme
  • planta-saco
  • janaúba
  • merum

Distribuição geográfica

A Calotropis procera é nativa do Norte da África e do Sudoeste da Ásia (Oriente Médio), porém, com o tempo, esta espécie foi introduzida em outras partes do globo e se encontra distribuída em várias regiões tropicais da Terra, como exemplo, no Brasil, onde ocorre em:

  • vários estados do Nordeste (principalmente, na Caatinga)
  • no Sudeste
  • no Centro-Oeste, em Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal

Imagem da Calotropis procera

Veja como é essa planta e sua flor neste vídeo do canal Coisas da Roça:

Características

A planta Calotropis procera se alastra e desenvolve de forma espontânea e abundante (por isso é considerada a erva daninha) na restinga de regiões áridas da Ásia e da África.

É uma planta resistente, que não necessita de cuidados especiais, além de ter necessidades mínimas e não precisar de muita água para o seu desenvolvimento.

Todas essas características tornam essa espécie vegetal eficiente, econômica, sustentável e ecológica para a produção de fios têxteis alternativos.

Vantagens do uso têxtil da Calotropis procera

Existem muitas vantagens em utilizar essa planta como matéria-prima para a produção da seda vegetal, tais como:

  • O cultivo de Calotropis procera melhora as condições do solo e pode servir como fonte de renda para comunidades das regiões áridas.
  • Essa planta tem grande poder de capturar e diminuir os níveis de dióxido de carbono da atmosfera, ajudando na redução do aquecimento global.
  • Além de fornecer fibras têxteis, a planta Calotropis procera, fornece outros produtos como: forragem e alimentos para animais de pasto, repelentes de insetos e fertilizantes naturais.
  • Seu cultivo não exige muita água e nem requer o uso de pesticidas, porque é um repelente natural de insetos.
  • Para o processamento de suas fibras não é necessário substâncias tóxicas e poluentes, como corantes artificiais, por exemplo.
  • Os fios da Calotropis procera também podem ser utilizados com outros tipos de fibras vegetais
  • O tecido obtido dessa planta é ecologicamente correto, sustentável e cruelty-free.

Produção do tecido de seda vegetal no Quênia

Cientistas quenianos, através de várias pesquisas feitas com a coordenação do World Agroforest, descobriram entre a eficácia e as utilidades dessa planta, que as fibras da Calotropis procera possuem as mesmas qualidades da seda de origem animal.

Até os chineses, um dos maiores produtores da seda de origem animal, se interessaram pela seda vegetal produzida com a Calotropis procera e, por isso, se tornaram investidores e parceiros nesse empreendimento queniano de produção da seda vegetal.

A tecnologia a favor da natureza

A produção da seda vegetal é um exemplo de como a ciência e tecnologia podem ser usadas a favor da natureza, mostrando que é possível avançar economicamente e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente e a vida animal.

É oportuno dizer que a indústria da moda é a 2ª maior poluidora do mundo, por isso, todo tipo de avanço em prol da preservação ambiental é de fundamental importância.

Ainda bem que empresas éticas e praticantes da green economy (economia verde) estão surgindo e inovando no mercado têxtil e da moda, através da fabricação produtos com zero sofrimento animal e baixo impacto ambiental.

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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