Estudo mostra que abelhas podem levar gerações para se recuperar da exposição a inseticidas


Os inseticidas, além de ser perigosos para as plantas, também são grandes inimigos das abelhas. Um estudo mostra a reprodução reduzida e outros impactos negativos no desempenho dessas espécies. Estes animais podem levar gerações para se recuperar da exposição, mesmo que expostos apenas uma vez, aos venenos inseticidas.

Mesmo sabendo pouco sobre como esses produtos afetam os insetos a longo prazo, de uma coisa temos certeza: nas áreas agrícolas, por exemplo, os pesticidas são frequentemente usados várias vezes por ano e durante vários anos consecutivos.

Os efeitos prejudiciais desses produtos para o ambiente são diversos: no caso das abelhas, como mostra o estudo, uma única exposição a inseticidas no primeiro ano de vida de uma abelha afeta a produção de descendentes e pode diminuir sua população.

Danos ambientais dos inseticidas

Os cientistas realizaram um experimento de campo por 2 anos. Eles analisaram como as abelhas azuis dos pomares, uma espécie polinizadora selvagem, reagiu durante esse tempo à exposição de um inseticida específico.

Eles usaram o inseticida imidacloprida (tóxico para as abelhas). Esse tipo de pesticida, apesar de ser proibido no UE, são exportados todos os anos em grande quantidade. Nos Estados Unidos, existem mais de 400 produtos à venda que contêm imidacloprida, de acordo com o National Pesticide Information Center da Oregon State University.

Clara Stuligross, uma das autoras da nova pesquisa, atenta sobre o perigo do uso deste pesticida para as abelhas:

“É um pesticida sistêmico presente em todos os tecidos da planta e afeta o sistema nervoso das abelhas. Portanto, pode ter muitos tipos diferentes de efeitos no comportamento e na fisiologia das abelhas.

A exposição a pesticidas reduz a reprodução das abelhas, e a exposição em estágios anteriores da vida ou em uma geração anterior afeta o desempenho do adulto no próximo ano”.

Abelhas expostas ao imidacloprida

Segundo os dados do estudo, as abelhas expostas ao imidacloprida quando larvas, tiveram 20 % menos descendentes em comparação às abelhas que nunca estiveram perto do produto químico.

Aquelas expostas apenas uma vez quando adultas, tiveram 30 % menos descendência em comparação às não expostas e, nas abelhas expostas em ambos os anos (2 anos de levantamento de dados), os efeitos se acumularam, com uma redução de 44 % na descendência.

Ao levar em consideração a probabilidade e a taxa de nidificação das abelhas, e as proporções de fêmeas para machos, a exposição geral em dois anos sequenciais reduziu o crescimento populacional em 71 %.

Como mostra o estudo, os efeitos dos pesticidas são cumulativos. Lars Chittka, professor de ecologia da Queen Mary University of London, acrescenta:

Os efeitos são cumulativos. Não é preciso ser um gênio para descobrir que pode levar apenas um pequeno número de anos sequenciais de aplicações de pesticidas para trazer as populações a níveis perigosamente baixos.

Este novo estudo mostra que mesmo se a aplicação de pesticidas fosse proibida para a temporada de 2022, ainda veríamos os efeitos adversos das aplicações de 2021. As larvas que amadurecem hoje e se preparam para polinizar as safras do próximo ano já estão irreversivelmente afetadas”.

Reduzir a exposição de abelhas e outros insetos aos inseticidas é fundamental.

Os riscos ao meio ambiente e aos polinizadores através de pesquisas como essa, precisam ficar cada vez mais evidentes para entendermos como os pesticidas se acumulam e afetam as abelhas ao longo dos anos.

Entenda sobre a importância das abelhas azuis, mais conhecidas como abelhas solitárias:

 

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Lara Meneguelli


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Este artigo possui 2 comentários

  1. TEDY BK
    Publicado em 24/11/2021 às 1:48 pm [+]

    Muito triste!
    Asssisti um documentário que trazia a opção de irradiar alimentos em vez de utilizar agrotoxicos, mas era em espanhol então não entendi 100%.
    Seria muito interessante um artigo sobre esse tema!


  2. Daia Florios
    Publicado em 24/11/2021 às 3:04 pm [+]

    Que legal, onde vc viu o documentário?


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