Europa diz não ao Thiacloprid, o inseticida da Bayer que mata abelhas. Brasil segue na contramão do mundo


A Comissão Europeia anunciou na última terça-feira (22) que não renovará a permissão para o uso de thiacloprid, desenvolvido pela Bayer para combater pragas, mas nocivo também para insetos polinizadores. Com a recusa, o pesticida estará proibido em toda a Europa a partir de abril de 2020.

A decisão se baseou nas conclusões da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). Após análise do pedido para renovar a autorização de uso, o órgão acusou a falta de dados sobre o inseticida, o que inviabiliza uma avaliação precisa sobre os riscos para a saúde humana, para o meio ambiente e para as abelhas. Sem garantias quanto à segurança do produto, a Comissão Europeia optou pela proibição em todos os países do bloco.

O que é thiacloprid

O thiacloprid faz parte da família dos neonicotinóides, compostos que causam a destruição do sistema nervoso das pragas e estão entre os inseticidas mais amplamente utilizados no mundo.

O problema é que sua ação prejudica também as abelhas, enfraquecendo o sistema imunológico e comprometendo a capacidade de orientação e de reprodução desses insetos.

Em 2018, a União Europeia já havia proibido três substâncias devido aos riscos para polinizadores: o imidaclopride, a clothianidina da Bayer e o tiamethoxam da Sygenta. Apesar dos avanços, que incluem agora o banimento do tiaclopride, outros inseticidas disponíveis no mercado são tidos como responsáveis pela morte de abelhas. É o caso do acetamipride, sulfoxaflor e flupiradifurona.

Brasil na contramão

Em abril deste ano, foi amplamente noticiada a denúncia de agricultores quanto à morte de meio bilhão de abelhas, em um período de apenas três meses, nas lavouras brasileiras. Pesquisadores vêm alertando à população quanto aos danos causados por pesticidas aos polinizadores e, consequentemente, ao equilíbrio dos ecossistemas.

Recentemente, laudos técnicos confirmaram que agrotóxicos foram os responsáveis pelo extermínio de abelhas em lavouras do sul do país.

Como explicou o professor da USP Tiago Maurício Francoy, especialista em abelhas, elas são responsáveis pela polinização de 75% de todas as plantas e flores do planeta.

“O que acontece é que as abelhas precisam buscar néctar e pólen das flores e elas acabam visitando as plantações, e esse uso de agrotóxicos, que aqui no Brasil está se tornando cada vez mais intenso e prejudicial, acaba por levar à morte essas abelhas”, explicou o professor, que alertou, ainda, para a importância das abelhas nas áreas de preservação ambiental: “Em qualquer área de preservação, sem abelhas você tem uma queda brusca na reprodução dessas plantas, e isso leva a uma diminuição na produção de frutos, do tamanho da área verde… e aí entra numa cadeia destrutiva, porque a planta é alimento de herbívoro, herbívoro é alimento de carnívoro. Se você começa a diminuir um, você vai afetar a cadeia inteirinha.”

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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