As fêmeas de libélulas que simulam a própria morte para evitar machos indesejados


Elas tiveram que se adaptar para escapar do assédio sexual. Elas não apenas se fingem de mortas, despistando, assim, os machos indesejados, como se arriscam nessa manobra, que consiste em interromper o voo e se atirar no chão. Elas são um tipo de libélula, a Aeshna juncea, e sua estratégia foi descoberta ao acaso, por Rassim Khelifa, da Universidade de Zurique, na Suíça.

Intrigado, ele resolveu investigar o que significava aquele comportamento e veio a descobrir que era comum entre as libélulas fêmeas daquela espécie, devido a uma particularidade no que se refere ao acasalamento e ao comportamento dos machos.

As fêmeas do tipo Aeshna juncea, comumente encontradas na Europa, na América do Norte e na Ásia, buscam as áreas de lagoas para se reproduzirem, onde normalmente há muitos machos à espera. Eles costumam intercepta-las em pleno voo e uma cópula já basta para que haja fertilização. No entanto, os machos Aeshna juncea, diferentemente dos de outras espécies, não protegem as fêmeas depois, nem as acompanham até que elas estejam em ambiente seguro para colocar seus ovos.

Fonte foto Aeshna juncea

Isso significa que elas podem ser interceptadas em seguida por outro macho, mas uma segunda cópula, quando os ovos já estão fertilizados, compromete todo o processo de procriação e ainda pode reduzir o tempo de vida da fêmea.

É aí que entra a estratégia descoberta por Khelifa. Em seus estudos adicionais das espécies em seu ambiente natural, ele observou 27 fêmeas se atirando ao chão ou se jogando em arbustos, fingindo-se de mortas. Entre essas, 21 conseguiram enganar os machos.

Em todas as situações de simulação da própria morte, as fêmeas tinham acabado de pôr seus ovos ou estavam prestes a cuidar deles novamente.

O pesquisador também teve a oportunidade de observar o que acontecia com as que não utilizavam o recurso teatral: todas as fêmeas que continuaram a voar ao serem perseguidas pelos machos foram agarradas por eles durante o voo.

Em uma entrevista à New Scientist, Khelifa se disse surpreso na ocasião, uma vez que estudava libélulas havia 10 anos e desconhecia, até então, esse tipo de comportamento.

No mundo animal, elas tiveram que se adaptar para evitar o assédio dos machos. No mundo dos seres humanos, estamos ainda tentando fazer com que uma mensagem muito simples seja entendida: não é não.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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