Medicamentos na água: saúde mundial em risco, aponta estudo


Os rios do mundo estão sendo cada vez mais poluídos por medicamentos e produtos farmacêuticos. Como é o caso do Rio Azul, em Túnis.

Localizado na África, o Rio Azul tem uma das maiores concentrações farmacêuticas do planeta em suas águas.

É simplesmente uma ameaça à saúde ambiental e global.

Produtos químicos como

foram amplamente detectados em um estudo da Universidade de York.

Entenda melhor a pesquisa a seguir.

A pesquisa

A pesquisa sobre como os produtos farmacêuticos em rios ameaçam a saúde mundial está entre as mais extensas realizadas em escala global.

O estudo coletou amostras de água de mais de 1.000 locais de teste em mais de 100 países.

De acordo com os resultados, os rios do Paquistão, Bolívia e Etiópia estão entre os mais poluídos.

Já os rios da Islândia, da Noruega e da Floresta Amazônica possuem menores concentrações de químicos.

No geral, mais de um quarto dos 258 rios amostrados tinham o que é conhecido como “ingredientes farmacêuticos ativos” presentes em um nível considerado inseguro para organismos aquáticos.

Química nas águas

Os dois medicamentos mais comumente detectados foram

  • carbamazepina, usada para tratar a epilepsia e dores nos nervos,
  • metformina, usada para tratar diabetes.

Também foram encontradas altas concentrações dos chamados “consumíveis de estilo de vida“, como cafeína e nicotina, bem como o analgésico paracetamol.

Na África, a artemisinina (usada na medicina antimalárica) também foi encontrada em altas concentrações.

O estudo diz que o aumento da presença de antibióticos nos rios também pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes, prejudicando a eficácia dos medicamentos e, representando “uma ameaça global ao meio ambiente e à saúde global“.

Mesmo as estações de tratamento de águas residuais mais modernas e eficientes não seriam completamente capazes de degradar esses compostos antes que eles acabem em rios ou lagos.

Os mais prejudicados são…

Os locais mais poluídos estavam, em suma, em países de baixa e média renda e em áreas onde havia despejo de esgoto, má gestão de águas residuais e fabricação de produtos farmacêuticos.

O Rio Nairobi, no Quênia, está entre as vias navegáveis ​​do mundo mais contaminadas por produtos farmacêuticos.

Mohamed Abdallah, professor associado de contaminantes emergentes da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, conta:

“Vimos rios contaminados na Nigéria e na África do Sul com concentrações muito altas de produtos farmacêuticos e isso se deve basicamente à falta de infraestrutura no tratamento de águas residuais.

Isso é mais preocupante porque você tem as populações mais vulneráveis ​​com menos acesso aos cuidados de saúde expostos a isso”.

O que pode ser feito?

Os dados mostrados pelo estudo são alarmantes. A indústria farmacêutica além de ser uma das mais poderosas economicamente no mercado mundial, viabiliza e facilita que estes tóxicos cheguem até rios e mares.

À medida em que usamos cada vez mais soluções farmacológicas para qualquer doença, seja física ou mental, poluímos mais as águas.

Então, fica a pergunta: o que pode ser feito? A única solução possível seria uso adequado de medicamentos, o que significa dificultar a obtenção de antibióticos e outros remédios, além de aplicar restrições mais rígidas nas doses, o que provavelmente a Big Pharma não tem interesse de colocar em prática.

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Lara Meneguelli


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