As causas do acidente em Capitólio e como evitar cabeças d’água


As fortes chuvas das últimas semanas estão destruindo o Brasil. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma tromba d’água minutos antes do desprendimento de rochas em Capitólio-MG.

Em dezembro de 2018, quatro jovens morreram enquanto faziam rapel em uma cachoeira também em Minas Gerais. A morte foi causada por uma tromba d’água, na verdade, uma cabeça d’água.

Embora os fenômenos sejam conhecidos pelos dois nomes – tromba e cabeça d’água – existem diferenças:

Tromba d’água, segundo explica o @geografiageral é um fenômeno meteorológico que consiste na formação de colunas d’água que lembram tornados sobre mares ou lagos.

Ja a cabeça d’água é um fenômeno diferente, pois consiste em um rápido volume de água causado por fortes chuvas na cabeça (nascente) de um rio, o que aumenta de maneira impressionantemente rápida, o volume do rio e seus fluxos d’água.

A causa do acidente em Capitólio foi o deslizamento de uma rocha enorme como, infelizmente, todos puderam ver no dramático vídeo que circulou em todas redes, inclusive no WhatsApp sem aviso de imagens fortes.

E o que causou o deslizamento da rocha foi uma cabeça d’água. Mas há mais coisas por trás disso. Acompanhe.

O que causou o deslizamento da rocha em Capitólio-MG

O vídeo que circula nas redes, feito minutos antes do acidente que matou pelo menos 10 pessoas, mostra que a causa do deslizamento da rocha foi uma cabeça d’água. Vendo o volume assustador de água que cai naquela cachoeira, fica a pergunta: como as pessoas não perceberam a força da natureza e não saíram correndo?

No vídeo uma menina diz que está com medo. A intuição infantil falando alto e os adultos duvidando de uma tragédia.

Uma pena que nós tenhamos memória curta pois, como dissemos, em 2018, quando quatro jovens morreram, ficamos todos indignados mas esquecemos as recomendações dadas na ocasião (e que ainda valem) para evitar catástrofes e acidentes envolvendo trombas ou cabeças d’água.

Como evitar acidentes com trombas ou cabeças d’água

Esse período do ano é difícil. O calor traz chuvas fortes que em poucos segundos ou minutos consegue aumentar em metros o nível das águas (de rios, lagos, cachoeiras).

O aumento rápido e forte forma uma espécie de tsunami dos rios e das cachoeiras.

Todo cuidado é pouco! Às vezes é possível antever o fenômeno mas o tempo de ação é mínimo, portanto, o melhor é evitar banhos nessa época do ano em locais como rios e cachoeiras.

Outro cuidado que devemos ter é com os raios. O Brasil é o país com maior incidência deles e esse é o período de maior cuidado:

Como saber se vai ter cabeça d’água?

Alguns indícios de que está por vir uma cabeça d’água, ou seja, a cheia na nascente de um rio, são:

Presença de nuvens na parte alta da cachoeira

Não espere chover. Retire-se do local pois mesmo que haja sol na parte baixa da cachoeira, a probabilidade de chegar uma tromba d’água nesta época do ano é grande.

Aumento rápido do nível das água

Às vezes o banhista percebe que do nada houve um aumento na correnteza do rio ou da cachoeira. Fique atento constantemente ao nível das águas e saia ao menor sinal de aumento.

Perceber mudança na turbidez da água também pode ser um sinal.

Evite neste período do ano, banhos principalmente em vales com encostas íngremes.

Barulho forte

É comum ouvir um forte barulho momentos antes da chegada da tromba d’água.

Materiais orgânicos flutuantes no rio

Outros sinais da chegada de uma cabeça d’água são folhas, galhos secos e demais materiais orgânicos flutuantes no rio.

Todo cuidado é pouco

Esses indícios nem sempre podem ser percebidos por pessoas que não estão acostumadas a esses locais, e o tempo para agir pode ser insuficiente. Acredite em seus instintos e nunca duvide da força da natureza.

Os locais mais perigosos de uma cachoeira são os mais íngremes e afastados das nascentes, pois o nível das águas tende a subir mais rápido nesses locais, embora as nascentes também possam ser muito perigosas se perto delas houver uma queda d’água.

Locais privados e parques nacionais devem ter placas de aviso sobre o que fazer para evitar acidentes, e fechar para visita caso haja previsão de chuva nos locais. Mas nas cachoeiras abertas e públicas, o visitante precisa entrar já informado.

Outras causas

Aquecimento global, abuso da natureza, falta de investimentos em sistemas de escoamento de água e gestão da emergência das chuvas que, TODOS os ANOS caem e não é supresa para ninguém, são outras causas dessa tragédia. Também a má gestão do local turístico onde o acidente ocorreu. Resumindo, é o deus dinheiro brincando com a deusa natureza em um braço de ferro que não pode acabar bem.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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