Ação coletiva recolhe 525 toneladas de óleo em 2 dias no NE. Marinha ainda não sabe quem disparou a ‘bala perdida’


Entre sexta-feira (18) e sábado (19), foram retiradas 525 toneladas de óleo do litoral nordestino, nos estados de Alagoas, Pernambuco e Bahia, informou a Marinha em nota. Tudo graças a uma ação conjunta, envolvendo militares, agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a Petrobras, estados, municípios e muitos voluntários.

De acordo com a Marinha, o maior vazamento de óleo de que se tem notícia já atinge 2.250km de costa, indo de Alcântara, no Maranhão, até a capital baiana, Salvador. No entanto, ninguém sabe ainda a origem do vazamento, nem quem é o responsável.

“Temos uma bala perdida, que se projetou em toda costa. Temos a evidência, mas estamos procurando a arma e quem usou. A dificuldade é muito grande”, comparou o almirante Alexandre Rabello de Faria, chefe do Estado Maior do Comando de Operações Navais, durante audiência pública no Senado Federal na última quinta-feira (17).

Ação de voluntários em Pernambuco impressiona

Segundo o Ibama, já são 200 praias contaminadas pelo óleo. Embora a nota da Marinha fale, de uma forma geral, do resultado de dois dias de força-tarefa, envolvendo órgãos federais e a sociedade civil, o governo não tem conseguido atuar com a agilidade necessária em todos os locais afetados.

Entre sexta-feira (18) e sábado (19), voluntários, ambientalistas, pescadores, comerciantes e empresários ligados ao turismo retiraram quatro toneladas de óleo de importantes pontos turísticos de Pernambuco, como as praias de Porto de Galinhas, Maracaípe, Carneiros e Ipojuca.

Segundo noticiou o GGN, até o padre da igrejinha de Tamadaré, onde fica a praia de Carneiros, reuniu-se com proprietários de pousadas e restaurantes para organizar o mutirão.

Em Ipojuca, graças à ação dos voluntários, as praias foram limpas e o óleo, contido. Contando com o apoio dos pescadores, os voluntários utilizaram jangadas e conseguiram impedir que as manchas chegassem a uma área de cavalos marinhos.

Grande parte dos voluntários eram pessoas que, por ganharem a vida com o turismo, não podiam se dar ao luxo de esperar pelo Governo Federal, que, como os especialistas vêm alertando, não acionou o Plano Nacional de Contenção (PNC), nem qualquer outro dos mecanismos disponíveis, como se esperaria em um desastre de tais proporções.

Uma recente matéria da Folha de São Paulo foi na raiz do problema, denunciando o desmonte, no primeiro semestre do governo Bolsonaro, dos comitês responsáveis para atuar em casos de derramamento de óleo.

Enquanto isso, os Pernambucanos mostraram para o país todo que não brincam em serviço. 

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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