A porteira da boiada fechou: Ricardo Salles e agentes do Ibama são investigados pela Polícia Federal


A Polícia Federal acaba de fechar a porteira para a boiada do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

Nesta manhã, a PF realizou uma busca e apreensão em endereços de Salles em São Paulo e Brasília e no Ministério do Meio Ambiente com o objetivo de apurar suspeitas de vários crimes: corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando praticada por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro, conforme divulgado pela Folha de S. Paulo.

A PF está cumprindo mandados de busca nos estados de São Paulo, Pará e no Distrito Federal por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A operação, batizada de Akuanduba, em referência à divindade dos indígenas Araras, do Pará, tem como foco a exportação ilegal de madeira para Estados Unidos e Europa.

O STF determinou, também, o afastamento preventivo de dez agentes públicos com funções de confiança no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Ministério do Meio Ambiente. O presidente do Ibama, Eduardo Bim foi afastado do cargo e Salles teve a quebra de sigilos bancário e fiscal determinada pelo STF.

Além disso, foi suspenso o Despacho nº 736900/2020, do Ibama, que relaxa as regras para exportação de madeira. O documento permitia que produtos florestais fossem exportados sem emissão de autorização pelo órgão, após pressão de empresas que tiveram cerca de 8 mil cargas de madeira ilegal apreendidas no exterior, as quais foram regularizadas pelo despacho.

A operação da PF foi iniciada em janeiro a partir do envio de informações por autoridades de países estrangeiros sobre desvios de conduta de agentes públicos na exportação de madeira. O delegado da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, foi afastado do cargo após atrito com Salles por causa da maior apreensão de madeira ilegal da história do Brasil.

Segundo o então chefe da PF no estado, foi a primeira vez, desde que ocupou o cargo, que um ministro do Meio Ambiente teria se oposto a uma ação que tinha como objetivo proteger a floresta amazônica. Salles chegou a ir pessoalmente ao Pará para alegar falhas na operação, ficando ao lado das empresas investigadas.

Segundo a mitologia do povo Araras, quando há o cometimento de algum excesso, Akuanduba toca a sua flauta para restabelecer a ordem. Que a boiada de Salles seja realmente interrompida e a Amazônia preservada.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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