Jovens chineses estão deixando seus empregos nas cidades para se tornar agricultores


Mudar o estilo de vida não é tão fácil como pensamos, mas pode ser uma alternativa para um caminho mais sustentável e alegre. É o que jovens chineses estão fazendo para buscar um modo de vida mais orgânico.

O caso de Hu Siqin de 33 anos mostra que as vezes é necessário “jogar tudo para o alto” e abrir mão das coisas materiais. Ela tinha bastante dinheiro e uma carreira promissora em Xangai mas preferiu ir para uma ilha cultivar seus próprios alimentos.

Em muitos aspectos, podemos dizer que o caminho está sendo um retorno do que já aconteceu. Antes do século XX, a China foi um país basicamente agrário por milhares de anos.

Porém, o cenário mudou: as cidades cresceram junto com a urbanização e, nos dias de hoje, milhões de jovens estão cada vez menos inspirados e interessados em longas horas de trabalho e salários escassos da sociedade moderna.

Feliz por fora, vazio por dentro

Hu, que trabalhou em grandes empresas diz que sua carreira parecia feliz por fora, mas se sentia vazia por dentro. Ela simplesmente abandonou tudo e aderiu a um novo movimento de volta à fazenda e reflete:

“Pessoas como eu não acham que os confortos materiais nos estimulam e, no fundo, continuamos insatisfeitos. Então começamos a pensar: qual é o propósito de nossas vidas? Para que estou vivendo?”

Agora ela semeia batata-doce orgânica, sem pesticidas e fertilizantes, feijão comprido e outras safras com amigos que pensam da mesma forma em Chongming, uma grande ilha agrícola nos arredores de Xangai.

Um estilo de vida sustentável e sem estresse

De acordo com o governo da China, cerca de 20 milhões de pessoas aderiram ao movimento dos novos agricultores.

Para novos agricultores como Liang Funa de 34 anos, viver com menos é mais e proporciona uma vida pacífica, saudável e sustentável.

Para Ling, o cotidiano da vida na cidade é prejudicial à saúde devido ao excesso de horas de trabalho. Ele afirma:

Nossa geração está sob enorme pressão e as pessoas que ficam nas cidades não conseguem ver muitas outras opções. As pessoas ao seu redor falam constantemente em comprar uma casa, um carro ou se casar, como se essas fossem as únicas medidas de sucesso e não houvesse outras estradas disponíveis”.

Liang mudou para ilha há 3 anos, aprendeu rapidamente a horticultura enquanto fazia trabalhos online para obter uma renda extra. Agora, segundo ele, sua vida está relativamente livre de de estresse e percebeu que bens materiais não é o que realmente precisa para uma boa qualidade de vida.

O prazer de se alimentar do que ele próprio plantou é inigualável, reduz os problemas de saúde e as idas ao médico. Agora o desafio destes jovens é convencer os pais a aceitar essa escolha de vida: muitos consideram “retrocesso”. Hu, que pretende semear a sua primeira safra na próxima primavera dá o recado:

“Eu pulei da minha zona de conforto e fui para um lugar desconhecido e incerto, e foi muito profundo”.

O que nós comeríamos se não houvesse os agricultores?

E você? Também tem vontade de largar tudo e ir “pro mato”?

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Lara Meneguelli


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