Brasil: número de casos de câncer de cólon aumenta por causa dos agrotóxicos, revela estudo


Veneno na mesa. O grande crescimento do setor agrícola no Brasil deixa suas contas para que o nosso consumidor pague tudo com a própria saúde. É o que revela um novo estudo feito por uma equipe internacional de cientistas, publicado na revista Chemosphere.

Os pesquisadores associaram o aumento do uso de agrotóxicos no país, que ocorre desde o começo deste século, a um aumento significativo no câncer de cólon, particularmente nas regiões agrícolas mais intensivas do sul do país.

Enquanto o nosso agronegócio crescia nas últimas duas décadas, o nosso país foi se tornando o maior consumidor mundial de pesticidas.

No ano 2000, cerca de 160 milhões de toneladas de pesticidas foram utilizados no Brasil. Em 2012, esse número chegou a quase 500 milhões de toneladas. Os cientistas compararam os pesticidas vendidos às taxas de mortalidade padrão (SMR) em cada estado brasileiro e, usando uma série de modelos estatísticos, eles demonstraram que conforme a quantidade de pesticidas vendidos no país aumentava, crescia o número de pessoas que receberam um diagnóstico de câncer de cólon: as mortes por câncer de cólon no país aumentaram de 950.000 em 2000, para mais de um milhão em 2012!

Tal tendência foi notada seja para as populações masculina que feminina.

“Os resultados mostram uma forte ligação [entre pesticidas e mortalidade por câncer de cólon] e, como tal, não podem ser ignorados”, disse o co-autor do estudo Francis Martin, PhD, da Universidade de Lancashire School of Pharmacy and Biomedical Sciences, no Reino Unido para SciDevNet. “Agora, é fundamental determinar se a [exposição a pesticidas] tem o potencial de transformar células normais em células cancerígenas atuando como disruptores endócrinos ou danificando o DNA”, dizem os pesquisadores.

Existe uma série de estudos que relacionam o uso de pesticidas agrícolas ao câncer de cólon. Grande parte destas pesquisas porém, concentram-se no risco para aqueles que trabalham diretamente com o veneno (os agricultores), mas os residentes e os consumidores também são expostos aos agrotóxicos por meio do vento, da água e dos resíduos nos alimentos. Os autores do estudo estão preocupados com os dados do governo brasileiro que mostram que 20% dos alimentos amostrados entre 2013 e 2015 foram considerados inseguros por causa do alto nível de resíduo de pesticidas contidos neles.

É o veneno em nossas mesas servido em nome de um setor agrícola que cresce, às custas da saúde da nossa população. Um horror!

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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