Covid-19: doença atinge a primeira comunidade Quilombola do Brasil. 234 casos e 15 mortes


No final de maio foram confirmados os três primeiros casos de Covid-19 num quilombo no Brasil. A doença atingiu a comunidade quilombola em Oriximiná, no Pará.

Duas mulheres da comunidade Santo Antônio do Abuí estão internadas em leitos de isolamento do Hospital da Mineração Rio do Norte, na vila da empresa Porto Trombetas. Porto Trombetas é um distrito de Oriximiná, que serve basicamente aos funcionários que trabalham na mina e escoamento de produção. 

O terceiro caso é de um quilombola do Palhal, ele trabalha na vila “criada” para abastecer os serviços da mineradora que opera no município e, está cumprindo isolamento domiciliar.

O coronavírus vem se espalhando vertiginosamente em Oriximiná. No final de abril, eram apenas 06 casos e agora, a prefeitura informou que já são 234 casos de Covid-19 e 15 mortes.

Fica claro que não houve medidas de prevenção eficientes.

Município de Oriximiná

Oriximiná é um extenso e isolado município da Amazônia Paraense, com cerca de 10.000 quilombolas e 3.500 índios de diferentes povos ocupando 12 territórios.

O município é em grande parte coberto por florestas muito preservadas e apresenta baixa densidade populacional (0,4 hab/km²).

Esse cenário favoreceu, até hoje, a proteção dos territórios indígenas e quilombolas.

No entanto, o avanço da ocupação dessa região da Amazônia, principalmente por mineradoras e também há interesse na construção de hidrelétrica, tornam as terras indígenas e quilombolas cada vez mais vulneráveis a uma série de ameaças.

Medidas de Prevenção

A Comissão Pró-Índio de São Paulo, em parceria com as associações quilombolas e ribeirinhas locais,  distribuíram, até o momento, 5.300 kits de máscaras de pano e folhetos informativos orientando como lidar com os doentes em tratamento domiciliar em Oriximiná.

Mas isso não é suficiente.

As pessoas precisariam ficar em total isolamento e ter recursos financeiros para auxiliar na subsistência, afinal, a maioria das pessoas da comunidade quilombola é pobre e com poucos recursos. A cidade não efetuou medidas de contingenciamento e, com tanta circulação de pessoas, é praticamente impossível conter o avanço da doença.

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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