Os arquipélagos que declararam guerra aos protetores solares, pela paz da vida marinha


Desde pequenos nós escutamos a recomendação de que devemos nos proteger dos raios ultravioletas usando protetor solar. Sobretudo nós, que moramos em um país tropical, já estamos habituados a sair de casa “protegidos”.

Mas existe um país que declarou guerra ao produto que promete nos proteger do sol: o arquipélago de Palau, no Oceano Pacífico, acaba de se tornar o primeiro país a vetar os protetores solares. A justificativa é que eles são altamente prejudiciais aos corais e à vida marinha, como informou a BBC News Brasil.

Tanto o uso quanto a venda de protetores solares tornaram-se proibidos em Palau desde o dia 1º de janeiro. O presidente do país, Tommy Remengesau, declarou:

“Temos que respeitar o meio ambiente, porque o meio ambiente é nosso ninho na vida”.

O arquipélago é conhecido internacionalmente por ser um dos destinos preferidos dos mergulhadores por causa de um recife de coral parcialmente submerso, considerado pela Unesco patrimônio da humanidade.

Cerca de 120 mil turistas vão anualmente para o país, cuja população é de apenas 20 mil habitantes. Desde 2018, Palau já havia anunciado a proibição dos protetores solares em seu território.

Nocivos ao meio ambiente

Os protetores solares contêm elementos químicos nocivos ao meio ambiente, como a oxybenzona e o octinoxato, responsáveis por protegerem a nossa pele dos raios ultravioletas.

Quando um banhista entra no mar, acaba liberando essas substâncias, que são absorvidas pelos corais. Alguns deste morrem e outros têm o seu sistema reprodutor seriamente afetado ou dificuldade para aguentar o aquecimento das águas durante o verão. Muitos animais marinhos que dependem dos corais para abrigo e alimento são, também, impactados.

A Fundação Internacional de Barreiras de Corais (International Coral Reef Foundation) reconhece os prejuízos à vida marinha provocados pelos químicos que atingem Palau:

“A maioria deles é incrivelmente tóxica para os estágios iniciais da vida de várias espécies animais”.

A constatação está baseada em pesquisas que demonstram que a oxybenzona danifica o DNA dos corais e pode até matar corais jovens, além de prejudicar o desenvolvimento de espécies de peixes, crustáceos, moluscos, algas marinhas e ouriços-do-mar.

Alguns protetores solares não contêm tais substâncias nocivas, mas, em 2018, 10 das que foram banidas em Palau ainda eram encontradas em cerca da metade das loções comercializadas no mundo todo.

Não apenas Palau

Não apenas Palau adotou a proibição aos protetores solares. O Havaí anunciou o mesmo a partir de 2021; nas Ilhas Virgens Americanas a nova lei entra em vigor em março deste ano, bem como a ilha caribenha holandesa de Bonaire decretou, também, o veto a esses produtos.

Os protetores solares ainda causam danos à saúde humana. De acordo com a National Geographic, há pesquisas que argumentam que a oxybenzona altera as células do nosso organismo provocando desequilíbrios hormonais.

Substâncias perigosas

Conheça, a seguir, as dez substâncias contidas em protetores solares que foram banidas do arquipélago de Palau por serem nocivas ao meio ambiente:

• oxybenzona (benzofenona-3)

• etilparabeno

• octinoxato (metoxicinamato de octila)

• butilparabeno

• octocrileno

• metilbenzilideno cânfora

• benzilparabeno

• triclosano

• metilparabeno

• phenoxyethanol

Como se proteger do sol e ser sustentável

É preciso pensarmos em soluções para uma proteção da pele consciente. O diretor-executivo do laboratório ambiental Haereticus, Craig Downs, diz que os protetores são mais nocivos aos recifes de corais do que a mudança climática.

O ideal é que seja proibida a comercialização de protetores solares com oxybenzona e demais substâncias químicas. Enquanto isso não acontece, nós, consumidores, devemos nos informar sobre o melhor produto para a nossa pele e para o meio ambiente. O site Glamour elaborou uma lista com 8 produtos fabricados naturalmente e que, segundo o site, cumprem essa dupla função. Confira-a aqui.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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