Veganismo é religião? O que poderia mudar se a Justiça entendesse que sim


Um caso interessante chega do Reino Unido e será o primeiro onde a Justiça britânica decidirá se o veganismo é comparável à religião. A decisão teria implicações sérias porque ninguém pode ser discriminado por suas crenças religiosas ou filosóficas. Vejamos…

De acordo com a lei britânica, ninguém pode ser demitido do trabalho ou discriminado por suas crenças, credos, nacionalidade, etnias, deficiências, gênero, orientação sexual ou religiões. No Brasil discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, também são considerados crime!

E se o veganismo fosse equiparado à religião?

O que aconteceu no Reino Unido

O zoologista Jordi Casamitjana perdeu seu emprego em uma ONG de proteção animal contra esportes cruéis, como a tourada, a caça esportiva, etc – a ONG denominada League Against Cruel Sports – e entrou na Justiça alegando ter sofrido discriminação por ser vegano, e de ter sido demitido por este motivo.

Ser vegano em uma ONG que trabalha pelo fim da exploração animal em esportes de gosto duvidoso, seria não apenas de se esperar como bem-vindo. No entanto, ao saber que a ONG investia os fundos de pensão de seus funcionários em empresas que testavam em animais, Jordi decidiu informar seus colegas da descoberta, à qual lhe parecia absurda ou no mínimo paradoxal, tendo em vista o trabalho da ONG.

A ONG por sua vez, ao invés de repente de se retratar perante aos funcionários, demitiu o zoologista por motivos, segundo a ONG, de erro grosseiro de conduta por parte do funcionário, que era um diretor de pesquisas.

O veganismo ético

Jordi se diz ser um vegano ético, ou seja, uma pessoa que decidiu parar de comer carne e outros alimentos de origem animal por motivos éticos, e não de dieta.

Para os veganos éticos não apenas é horrível comer produtos de origem animal como é horrível explorar animais em circos, aquários, zoos, para pesquisa, em cosméticos, para fazer esportes que envolvam crueldade ou exploração animal, etc. Ou seja, pregam respeito e igualdade a todos os seres vivos.

E isso seria uma opção, uma filosofia de vida ou uma crença, tal qual uma religião?

Agora, diante da acusação de Jordi de haver sofrido discriminação por ser vegano, o tribunal britânico terá de decidir se o veganismo é uma crença ou filosofia de vida que deva ser protegida por lei.

A primeira audiência desse caso está marcada para março de 2019.

Um marco histórico

Nenhum britânico pode ser demitido ou discriminado no trabalho por questões de religião, crenças, idade, deficiência física, gravidez, raça, gênero ou orientação sexual, entre outras.

Se Jordi convencer o Tribunal de que o veganismo é uma crença filosófica, e que, como tal deve ser protegida por lei, os veganos não poderão mais ser discriminados em nenhum lugar da sociedade (na escola, no comércio, no trabalho, etc).

O veganismo, bem como o vegetarianismo, cresce no Reino Unido e no mundo. Cada vez mais pessoas entendem que é possível viver sem explorar animais.

A decisão será um marco. O veganismo é uma filosofia e uma conduta de vida muito séria, respeitosa e mesmo difícil de levar adiante em uma civilização exploradora de animais. Não obstante cresça o número de adeptos do veganismo ético, as suas necessidades muitas vezes são ridicularizadas (como se vê, até mesmo uma ONG contra a crueldade animal não entende a similaridade entre caçar animais ou testá-los vivos para produzir bens de consumo).

É preciso respeitar a crença destas pessoas, até porque trata-se de uma filosofia de vida muito elevada e admirável por sinal.

Uma religião? Que nome importa…

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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