Pedro Paulo Diniz: de playboy à agricultor


Nosso país passa por um momento de divisão social muito grande. Se sempre fomos um país de grande desigualdade social, “a disputa de classes” no Brasil ganhou força, ou evidência, nas últimas eleições. Nos últimos protestos contra o atual governo, o que mais se viu nas redes sociais foram argumentos contra as manifestações porque estas foram principalmente articuladas pelas “classes favorecidas”. Com isso em mente, o que dizer de um milionário brasileiro que decidiu mudar de vida e foi trabalhar no campo?

Estamos falando de Pedro Paulo Diniz e não precisamos dizer de quem é filho e sobre a presença da sua família na revista Forbes.

Em uma entrevista que merece ser lida, Pedro Paulo Diniz contou à revista Trip, com muita leveza de alma, sobre a sua ex-vida de playboy, amigo de príncipe, top models e enfim…coisas que nós só podemos imaginar sem talvez nunca chegarmos perto, e de seu novo projeto de vida.

Há cerca de 10 anos, o ex-piloto de F1 vive e gerencia a Fazenda da Toca no interior de São Paulo, juntamente com sua esposa e filhos. Seu novo sonho de consumo? Dividir o que tem para um bem maior, aumentando o acesso aos produtos orgânicos através de uma produção de larga escala.

A fazenda produz ovos, leites e algumas frutas. É hoje a maior produtora de leite orgânico no Brasil; conta com 50 famílias que nela vivem, trabalham e têm suas crianças estudando na “Toca do Futuro”, uma escola que seria o sonho das “classes média ou alta”.

Como sabemos, a produção de orgânicos não é tão simples quanto parece, algo como: basta não colocar veneno na planta e tudo certo! A produção orgânica visa a produção de alimento que respeite a natureza, que economize água, energia, que produza menos CO2 e que consista em um comércio justo e solidário. Trata-se de um sistema integrado onde outros insumos (além dos produzidos pela fazenda) são necessários, tais quais o milho, a soja, usados na ração, entre outros fatores necessários para que o organismo se autoalimente.

Uma das coisas que encarece o produto orgânico é exatamente a falta de uma produção em larga escala, e Pedro Paulo vendo a carência de uma produção orgânica estruturada no Brasil, resolveu investir, tendo inclusive em mente a rede dos supermercados da família como canal de escoamento. Se à alguém possa passar pela cabeça que isso é se aproveitar da situação, origem berço de ouro, etc, pense que, se não alguém como este empresário, quem poderia arcar com um investimento do gênero? O ministério do Meio Ambiente? da Agricultura ou do Desenvolvimento? A verdade é que a iniciativa de Pedro Paulo é de se parabenizar.

Como ele diz na entrevista: “o legal de ser em larga escala é que democratiza o alimento orgânico. Na Alemanha, o produto orgânico custa 15% a mais que o convencional. Pouco mais caro. Aqui no Brasil é o dobro”. Dá para discordar?

Menos discussão de classes e mais amor por favor, pois temos potenciais humano e natural para que este país possa crescer, com sutentabilidade!

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Fonte foto: fazendadatoca.com




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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