Como a espiritualidade influencia nossos hábitos alimentares e vice-versa


Quando se pensa em alimentação, imediatamente vem à nossa mente, a nutrição de nosso corpo físico. Porém, a importância da alimentação em nossa vida é muito mais abrangente!

Essa matéria visa contribuir para aumentar nossa compreensão sobre a relação que a Espiritualidade e a Alimentação tem com outros aspectos de nossa existência.

A alimentação humana, por incrível que pareça, não é apenas uma questão nutricional pois ela envolve:

  • tradição
  • cultura
  • história
  • biologia
  • religião
  • filosofia
  • ecologia
  • economia
  • ciência
  • e, pasmem, até revolução!

Cada um destes aspectos serão discorridos ao longo desse conteúdo, para que fique claro que alimentação não se resume só à necessidade básica do nosso corpo físico.

Um aspecto da vida humana que nos aprofundaremos nesse conteúdo, de forma mais ampla pelo caráter e importância que tem na qualidade do desenvolvimento humano, será a Espiritualidade.

Antes de expressar a relação Alimentação e Espiritualidade, vamos abordar outros aspectos que influenciam nossa alimentação, para compreendermos melhor como a alimentação não está dissociada de outras questões humanas, e como essas influenciam nossas escolhas e hábitos alimentares.

Tradição

Cada povo tem sua tradição e, de acordo com seus costumes, ancestralidade, clima, vegetação, região e raízes étnicas, primam por um tipo de alimento. Alguns pratos típicos de várias regiões do mundo são conhecidos por terem sido incorporados pelas pessoas de várias partes do mundo, através do intercâmbio entre os povos.

Cultura

Uma pessoa do Alasca, se alimenta diferente de uma pessoa da Itália, de outras do Japão, da Índia, dos Estados Unidos ou do Himalaia, pois cada uma teve uma criação, educação e foi condicionada à um padrão de comportamento e estilo de vida, de acordo com o meio geográfico e natural no qual vive. Então o ato de se alimentar, também é cultural.

Hoje em dia, pelo fato de vivermos em uma era tecnológica, grande parte dos alimentos são industrializados e grandes multinacionais investem pesado em suas marcas aumentando, ainda mais, o consumo destes alimentos que passaram a fazer parte da cultura da sociedade atual.

História

Povos mais antigos se alimentavam de forma natural e orgânica, até o início da Pré-Histórica o homem era principalmente vegetariano. Caçar para comer a carne era um evento ocasional que requeria um trabalho conjunto.

Com as transformações ocorridas ao longo de nossa história, o homem passou a consumir carne com muito mais frequência, e boa parte dos alimentos consumidos por ele, foram sendo adulterados em sua produção. Surgem os enlatados, os congelados e os geneticamente modificados passando a ocupar o lugar dos alimentos in natura ou caseiros.

Biologia

Os alimentos são responsáveis pelo bom funcionamento biológico de nosso corpo, mas hoje, com tantos conservantes, aromatizantes, flavorizantes, palatabilizantes, corantes, os alimentos se tornaram artificiais, interferindo de forma prejudicial no metabolismo do corpo humano.

Biologicamente falando, nosso organismo não foi evoluído para tamanha diferença de ha2bitos alimentares em tão curto espaço de tempo.

Religião

Ao longo da vida humana, as religiões passaram por várias transformações deixando de ter uma conotação fraternal e espiritual, tornando-se institucional e dogmática. Por isso, muitos hábitos foram incutidos, ao longo da trajetória humana, pela religiões.

Certos alimentos e práticas alimentares foram adotadas como disciplina e costume religioso pelos seguidores das principais religiões existentes no mundo.

Judeus, muçulmanos, cristãos, hinduístas, budistas e outras várias religiões têm em seus hábitos alimentares uma expressão de seus preceitos religiosos.

Nos livros sagrados de cada religião, ocorre alusão à vários alimentos que são impróprios para o consumo humano e outros que contribuem para a purificação do espírito.

Espiritualidade

Vários Mestres e Espiritualistas como Buda, Hare Krishna, Mahatma Gandhi, Osho, Jiddu Krishnamurti preconizavam que uma dieta alimentar livre da carne e de produtos de origem animal, geram a elevação espiritual e a ampliação da consciência no ser humano.

Para vários espiritualistas, conhecidos em nossa história, uma boa alimentação feita de forma consciente e elevada, tem relação com nosso aprimoramento como SER, de forma integral, transformando o alimento em nutrição, não só para a matéria, mas também para nosso Espírito.

Filosofia

Muitos pensadores e filósofos, ao longo da trajetória humana, lançaram reflexões e ponderações sobre a ligação entre alimentação e espiritualidade, ressaltando a importância de uma alimentação consciente, tendo como base a dieta vegetariana, livre da crueldade para com os animais.

Alguns deles foram: Platão, Sócrates, Aristóteles, Pitágoras, Leonardo da Vinci, Voltaire,Thomas Edison, Schopenhauer, Nietzsche, Lincoln, Mahatma Gandhi, Einstein.

Ecologia

A alimentação de origem animal provoca muitos desequilíbrios, não só ao corpo físíco, mas também, à Natureza e ao Planeta como um todo.

Muito desmatamento é feito para dar lugar a pastos de gado e plantação de soja, que serve como alimento para esses animais criados para consumo humano.

Além do desmatamento, o excessivo uso de água para irrigar estas plantações e para consumo da criação desses animais, provoca desequilíbrio e vulnerabilidade desse precioso recurso natural.

Economia

No Período Neolítico, quando o homem se tornou sedentário e começou a se dedicar à plantação e à criação de animais, surge o prenúncio da atividade econômica humana.

Trabalhando em suas terras, o homem pré-histórico produzia o seu alimento. Mais adiante, nas Idades Antiga e Medieval, o produto desse trabalho envolveria o intercâmbio comercial fundamentado na base da troca.

Na Idade Moderna, com as grandes navegações e descobertas de terras ricas em recursos naturais, a produção de alimentos assume um caráter mercantilista (exportação e importação/ matéria-prima à zero ou baixo custo e lucros imensos).

Na Idade Contemporânea, com o advento da Revolução Industrial e o avanço das descobertas científicas, surge a produção mecanizada de alimentos e o uso de substâncias químicas para conservá-los. Com isso, aumenta-se a escala de produção desses alimentos.

A parte mais triste dessa história é que os animais passam a ser confinados e viram somente objetos de lucratividade para os fazendeiros, fabricantes e comerciantes, sendo tratados como meras mercadorias.

Com o passar do tempo, isso foi se intensificando.

As grandes empresas de produtos de origem animal, através do avanço tecnológico e da publicidade, transformaram isso em um grande negócio fisgando o consumidor pelo paladar.

Os animais para o consumo humano

A forma pela qual os animais criados para consumo humano são criados, é baseada em procedimentos que vão contra a natureza deles e são muito agressivos:

  • inseminação artiifcial;
  • separação dos filhotes de suas mães;
  • confinamento para aumentar a produção de ovos e leite e a massa corporéa do animal;
  • uso de hormônios e antibióticos que provocam desequilíbrio no desenvolvimento desse animais e diminuem o tempo de vida deles.

E alguns dos efeitos desse contexto são vistos em todo o desequilíbrio que ocorre hoje em nosso planeta:

  • desmatamento;
  • fome;
  • crueldade com os animais
  • e doenças humanas, por conta de uma má alimentação (alimentos adulterados e artificiais).

Ciência

Há um bom tempo a ciência vem intensificando seus estudos nas áreas da nutrição, saúde e alimentação.

Substitutivos vegetais para o consumo de carne e ovos já existem, agora só precisa viabilizar a produção em grande escala e baratear os custos. Isso porque já ficaram comprovados os prejuízos que o consumo de alimentos de origem animal provocam, como vimos em várias aspectos da vida nesse planeta.

A própria ONU tem divulgado informções e dados sobre essa questão, fazendo campanhas para aumentar a produção e o consumo de alimentos de origem vegetal.

Bill Gates, fundador da Microsoft, também vê na produção de alimentos substitutivos da carne um investimento promissor e chegou à dizer que “o veganismo é o futuro!”

Revolução

Com o advento da Internet e das redes sociais que propagam todas essas informações, muitas pessoas despertaram para a necessidade de mudarem seus hábitos alimentares e aderirem ao Veganismo (movimento que vem se intensificado a olhos vistos, e que tem como base o não uso de nada de origem animal, seja na alimentação, vestuário, cosmética, diversão e outros segmentos de nossa existência).

Por conta da influência do Veganismo, a Indústria e o Comércio vêm se adequando à esse novo mercado consumidor e, cada vez mais, surgem produtos vegs nas prateleiras.

Uma nova mentalidade está nascendo nas pessoas e trazendo a percepção de que elas podem sair do condicionamento, baseado na ideia que o ser humano necessita de carne, leite e ovos para viver.

Na Internet existem muitos sites, grupos, livros em pdf e páginas com receitas saborosas, nutritivas e fáceis de fazer.

Também é cada vez mais fácil achar produtos e marcas que não usam matéria-prima animal, e nem utilizam testes em animais em sua fabricação.

A Relação entre Alimentação e Espiritualidade

Nos primórdios dos tempos da vida humana, o homem era, principalmente, vegetariano, tinha um modo de vida mais elevado, coopertivo e pacífico.

Algumas explicações para a mudança drástica do comportamento humano foi a sua degeneração, enquanto ser humano, com a expressão de aspectos como a ganância, a disputa e o egoísmo.

O humano se tornou cada vez mais materialista, competitivo e dominador, e foi deixando de se harmonizar consigo, com os outros seres e com a Natureza, vivendo, de forma desagregadora, individualista e separatista.

Isso foi crescendo, ao longo das fases humanas, até chegar ao que vivencíamos, em nossos dias.

A mudança nos hábitos alimentares foi uma das consequências dessa situação.

O homem passou a rebaixar os seus instintos e a ser guiado pelos mesmos, tornando-se carnívoro, além de se colocar como superior às outras espécies, dominando e explorando-as.

Todas as capacidades, habilidades superiores e espiritualidade elevada que o ser humano tinha, e tem em potêncial, foram diminuíndo e se perdendo, por conta de seu declínio.

O caminho para reconquistar o que foi perdido está no retorno do ser humano à sua verdadeira essência (agregadora, consciente, compassiva, anímica e simples ).

A relação entre Alimentação e Espiritualidade se evidencia no fato de que quando o ser humano se eleva, ele muda seus hábitos alimentares, pois a violência, o sangue e o cadáver são inconcebíveis em sua alimentação.

A boa notícia é que as pessoas estão despertando para a importância do resgate de nossa essência, saindo dos condicionamentos, sejam educacionais, culturais, históricos ou religiosos.

Cada vez mais, a compaixão direciona as escolhas humanas, seja na alimentação, economia, vestuário, diversão, modo de vida e isso, por si só, é uma expressão da espiritualidade humana.

A Espiritualidade tem mais a ver com a nossa relação com a Natureza, com os seres, com o planeta e com a Vida. E tudo isso se baseia no respeito, na integração e nas atitudes conscientes conosco e com o próximo (entenda-se próximo, toda expressão de vida).

A qualidade de nossa Energia, o nível de nossa Espiritualidade e o grau de nossa Consciência serão resultantes de nossas escolhas alimentares e vice-versa.

Boas Escolhas!




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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