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Existe um fenômeno bizarro que atinge turistas que vão visitar Florença, na Itália e você talvez nunca ouviu falar.
É a síndrome de Stendhal.
Uma estranha reação onde as pessoas sofrem forte estresse psicológico ao se sentirem pressionadas com a abundância das obras de arte da cidade.
O fascínio que rodeia as obras de arte florentinas pode causar sintomas de mal-estar entre os visitantes.
Saiba mais abaixo:
Seu nome vem do escritor francês Marie-Henri Beyle, mais conhecido pelo seu pseudônimo Stendhal.
A síndrome foi clinicamente descrita como um distúrbio psiquiátrico em 1989 por Graziella Magherini, psiquiatra no Hospital Santa Maria Nuova, de Florença.
É considerada uma condição psicossomática causada pela exposição à abundante riqueza artística de Florença.
Marie-Henri Beyle, em 1817, descreveu sua visita à capital da Toscana:
“Fiquei em uma espécie de êxtase com a ideia de estar em Florença… fui acometido de uma forte palpitação do coração… minha força vital se esvaiu de mim e andei com medo constante de cair no chão”.
Em estudos clínicos, a psiquiatra Magherini observou 106 pacientes, todos eles turistas.
De acordo com os resultados do diagnóstico, os pacientes sofreram
enquanto observavam obras de arte como as esculturas de Michelangelo e as pinturas de Botticelli.
Os diagnosticados também tiveram sintomas como ataques de pânico, causados pelo impacto psicológico das obras de arte.
Algumas obras em específico, parecem causar um estímulo maior para a síndrome de Stendhal, como O Nascimento de Vênus, de Botticelli.
Eike Schmidt, diretor da Galeria Uffizi, conta:
“Já tivemos pelo menos um ataque epilético em frente à pintura. Um senhor também sofreu um ataque cardíaco.”
A história deste senhor que sofreu um ataque cardíaco, Carlo Olmastroni de 68 anos, foi indicada como o caso grave de síndrome de Stendhal mais recente. Ele simplesmente desmaiou em frente à obra de Butticelli. Em entrevista, Carlo comenta o episódio:
“Eu me aproximei do Nascimento de Vênus, de Botticelli, e, enquanto admirava aquela maravilha, minhas lembranças desapareceram.
O diagnóstico não foi de síndrome de Stendhal, como alguns pensavam de forma mais romântica, mas a obstrução de duas artérias coronarianas. Talvez, ao admirar o Nascimento de Vênus, elas tenham decidido que não haveria nada mais belo para observar e se contraíram permanentemente!”.
Para Cristina di Loreto, psicoterapeuta e moradora de Florença, a reação emocional à arte não constitui um distúrbio psiquiátrico.
A permanência em um espaço fechado com centenas de outras pessoas pode ser considerada, por exemplo, agorafobia.
Ela explica:
“Quando você está observando uma obra de arte, existem áreas específicas do cérebro que são ativadas — é como se você estivesse vendo um belo homem ou mulher — mas isso não é suficiente para dizer que é uma síndrome. Ela ainda não foi homologada e não está incluída no DSM-5, nosso manual de distúrbios mentais”.
A dificuldade de analisar os sintomas em relação a outras indisposições mais comuns que atingem os turistas, é um problema enfrentado por muitos profissionais para descrever a síndrome de Stendhal como distúrbio psiquiátrico.
A síndrome de Stendhal pode estar relacionada à síndrome de Jerusalém, que causa delírios religiosos entre os que visitam a cidade sagrada.
Também pode estar relacionada à síndrome de Paris, que faz com que os turistas tenham sintomas psiquiátricos agudos ao descobrirem que a capital francesa não atende às suas expectativas.
Segundo especialistas, mesmo que seja um fenômeno florentino, o mesmo pode acontecer em cidades como Veneza e Verona.
São cidades que respiram arte.
Essa espécie de êxtase com a ideia de estar em Florença, como diz o próprio Stendhal, pode causar algo como “doença pela arte“, gerando uma hiper-realidade.
Os casos da síndrome continuam a ser verificados até hoje. Ocorrem de 10 a 20 vezes por ano em certas pessoas que são muito sensíveis e talvez nunca tenham ido à Toscana.
As obras primas emblemáticas de Florença (de autores como Botticelli e Michelangelo) parecem dar para a cidade um ar nunca visto e sentido antes.
Como um sentimento sobrenatural, que faz com que alguns turistas sintam algo subentendido na cidade italiana.
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Categorias: Viajar
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