Alta incidência de câncer e má-formação em crianças no Mato Grosso: agrotóxicos suspeitos


Glifosato e Atrazina. Dois agrotóxicos muito comuns no agronegócio podem estar por trás de um aumento no número de casos de doenças, como malformação e alguns tipos de câncer, no Mato Grosso.

Essa informação norteia a reportagem feita por Luana Rocha, da Agência Pública/Repórter Brasil, publicada recentemente.

Três casos ilustram a matéria: o de Kalebi Luenzo, diagnosticado com leucemia aos 2 anos, Emanuelly Correa, que nasceu com uma malformação conhecida como espinha bífida, e Giovana Carvalho, que desenvolveu um tipo raro de câncer de pulmão.

Em comum nas histórias, o aspecto geográfico – todos são de Mato Grosso, o maior consumidor de agrotóxicos do Brasil e líder na produção de grãos -, e a proximidade com as lavouras: todos eles trabalhavam direta ou indiretamente em locais de uso intenso desses produtos.

Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná mostrou que pode não ser uma coincidência que esses casos tenham acontecido no estado mato-grossense. Observou-se que há uma taxa maior de malformação nas regiões com maior uso de agrotóxicos, como atrazina. As regiões Central e Sul do Mato Grosso, onde Kalebi, Emanuelly e Giovana moram, apresentam uma maior incidência de linfomas e leucemias, de acordo com pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

O levantamento aponta ainda que há maior quantidade de pessoas que moram em regiões com maior produção agrícola entre os pacientes internados no hospital de Câncer de Mato Grosso.

A cidade de Lucas, por exemplo, tem uma taxa de exposição aos agrotóxicos maior do que a média. Enquanto a exposição por habitante no Brasil é de 3.6 litros por ano, em Lucas é de 136 litros anuais, em média, segundo cálculo feito pela UFMT. Alguns herbicidas ainda utilizados no país já são proibidos em outros lugares, como a atrazina que, desde 2004, não pode ser usado pelos países pertencentes à União Europeia por estar associado a uma maior ocorrência de distúrbios endócrinos.

Não há ainda como afirmar a relação direta entre uso de herbicidas e surgimento de doenças, como as citadas na reportagem, mas é importante que essa discussão aconteça.

São cada vez mais presentes as pesquisas mostrando que os agrotóxicos podem fazer mal à saúde. As empresas do setor dizem que não têm como combater pragas, sem usar agrotóxicos. No entanto, as evidências científicas – cada vez mais volumosas – mostram que é imprescindível pensar em soluções para que o agronegócio consiga produzir, sem colocar em risco a vida das pessoas.

Leia a reportagem completa AQUI.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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