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O consumo de álcool aumenta o risco de desenvolver pelo menos sete tipos diferentes de câncer, segundo alerta recente do cirurgião-geral dos Estados Unidos, Dr. Vivek Murthy. A declaração foi publicada em reportagem da BBC News Brasil, destacando a preocupação crescente das autoridades de saúde com os danos à saúde pública causados pelo álcool — frequentemente subestimados pela população.
Consumo de álcool: Mulher bebendo uma taça de vinho.
O alerta reforça um consenso científico consolidado: não existe um nível seguro de consumo de bebidas alcoólicas. O etanol, substância presente em todas as formas de álcool, é classificado como carcinógeno do Grupo 1 pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC), o mesmo grupo do tabaco e do amianto.
A seguir, listamos os principais tipos de câncer associados ao consumo de álcool e explicamos os mecanismos envolvidos.
O álcool causa irritação crônica nas mucosas e, ao ser metabolizado, forma o acetaldeído — uma substância altamente tóxica e cancerígena. Esse composto danifica o DNA das células da mucosa bucal e da garganta, facilitando mutações. O risco é ainda maior quando o álcool é combinado ao tabagismo.
O acetaldeído também é o principal agente cancerígeno envolvido no câncer de esôfago. Pessoas com uma mutação genética comum em populações asiáticas, que dificulta a metabolização do acetaldeído, têm risco ainda mais elevado. Além disso, o álcool pode agravar condições como refluxo gastroesofágico, aumentando a inflamação e a suscetibilidade celular.
O consumo crônico de álcool pode causar hepatite alcoólica e cirrose, que por si só já são fatores de risco para câncer hepático. A constante regeneração das células danificadas e a exposição prolongada ao acetaldeído favorecem mutações genéticas e proliferação celular descontrolada no fígado.
Estudos mostram que mesmo níveis moderados de consumo aumentam significativamente o risco de câncer no cólon e no reto. O álcool altera a microbiota intestinal, promove inflamação crônica e prejudica a absorção de nutrientes essenciais, como o folato, que participa do reparo do DNA.
O álcool aumenta os níveis de estrogênio no organismo feminino, o que pode estimular o crescimento de células mamárias com predisposição ao câncer. Pesquisas apontam que mulheres que consomem cerca de uma dose por dia já apresentam aumento mensurável no risco de câncer de mama em comparação com abstêmias.
Embora a evidência científica ainda esteja em consolidação, há fortes indícios de que o consumo excessivo de álcool, ao causar pancreatite crônica e inflamação prolongada, aumenta o risco de câncer pancreático. A toxicidade do álcool para o pâncreas também é um fator suspeito.
Alguns estudos também sugerem que o álcool pode contribuir para o desenvolvimento do câncer gástrico, especialmente em combinação com outros fatores como dieta pobre em fibras, infecção por H. pylori e tabagismo. Embora a relação não seja tão bem estabelecida quanto nos tipos anteriores, a hipótese é levada a sério pela comunidade médica.
O principal culpado é o acetaldeído, metabólito formado durante a quebra do etanol no organismo. Ele é capaz de:
Esses efeitos variam conforme a dose, a frequência de consumo, fatores genéticos e associação com outras substâncias, como o cigarro.
Não exatamente. O que importa é a quantidade total de etanol consumida, independentemente do tipo de bebida. Uma taça de vinho, uma lata de cerveja e uma dose de destilado podem conter quantidades semelhantes de etanol. No entanto, bebidas destiladas como vodca, uísque e cachaça costumam ter maior teor alcoólico por volume, facilitando o consumo excessivo em menos tempo.
Diante da subestimação do risco por parte do público, alguns países estão adotando políticas mais rígidas. O Canadá e a Irlanda, por exemplo, passaram a exigir avisos nos rótulos de bebidas alcoólicas alertando sobre o risco de câncer, semelhante ao que já ocorre com os cigarros. Essa proposta também vem ganhando força nos Estados Unidos e na União Europeia.
Segundo o Dr. Murthy, muitas pessoas ainda não fazem ideia de que o álcool pode causar câncer, e a rotulagem é uma forma importante de educação em saúde pública.
O consumo de álcool, mesmo em pequenas quantidades, está associado a um risco aumentado de desenvolver pelo menos sete tipos de câncer. A evidência científica é robusta e vem sendo reafirmada por órgãos internacionais e autoridades de saúde pública. Em um momento em que se discutem políticas de redução de danos, a informação correta é essencial. Conhecer os riscos é o primeiro passo para fazer escolhas conscientes.
Fontes:
BBC News Brasil – “Álcool tem ligação com ao menos sete tipos de câncer”
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Categorias: Saúde e bem-estar
Publicado em 08/07/2025 às 1:14 pm [+]
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