Perder a paciência com os filhos é comum, mas será normal?


Elas são teimosas, birrentas, barulhentas, cheias de perguntas. Chegam ao mundo e bagunçam a vida dos adultos, impondo um ritmo de infância que pouca gente consegue suportar. Com tudo isso os pais perdem a calma. Ora por que querem que elas façam as coisas mais rápido, ou por que querem que obedeçam ou durmam. Criar filhos não é uma tarefa fácil, ainda mais por que dos dois lados da relação existem seres humanos, com gostos peculiares, personalidades diferentes, anseios, frustrações, necessidades.

Perder o controle acaba tornando-se uma constante, resultando em pais frustrados, culpados e filhos cada vez mais “difíceis”. No entanto, será que é normal perder a paciência? No texto abaixo a ideia é destrinchar o lado humano de ser pai e mãe, não somente para diminuir a culpa, mas adquirir consciência e instrumentos para melhorar o relacionamento com os filhos.

É normal perder a paciência?

Embora não seja o ideal, sim é normal perder a paciência. Todo mundo, em algum momento, se descontrola por algum motivo. Seja uma divergência no trabalho, o trânsito, as dificuldades financeiras, as frustrações passadas, as causas são muitas para que a calma vá embora.

No que diz respeito aos pais, a difícil tarefa de criar os filhos já é por si um motivo de estressar. Ninguém quer errar na educação dos pequenos, no entanto o excesso de demandas que a criação exige é capaz de tirar do sério até o mais paciente dos seres.

Apesar de normal, a falta de paciência deve sempre ser analisada, principalmente por que por trás dela podem estar problemas que nada têm a ver com a criança.

Vale lembrar que as obrigações da vida moderna exigem dos adultos uma sobrecarga de tarefas sem igual, por isso é muito comum que sejam as crianças os alvos mais fáceis, por serem frágeis, vulneráveis e estarem em fase de aprendizado. Por isso, se a paciência está faltando constantemente, é importante avaliar a vida como um todo, se não é possível delegar algumas tarefas, se o adulto em questão está tendo o tempo necessário para descansar e relaxar, e, principalmente, ter consciência de que o problema não é das crianças. Elas refletem apenas a forma como os próprios pais reagem às emoções e lidam com as adversidades do dia a dia.

Amoroso e paciente 24 horas por dia não é possível

Seria ótimo poder reagir com maturidade e controle emocional em todas as situações, mas isso é humanamente impossível. Por isso é importante ser realista e perceber que, cedo ou tarde, algum episódio “raivoso” vai acontecer.

Os pais, embora queiram, não conseguem ter o controle de tudo, e precisam lidar com situações novas o tempo todo. Isso gera um estresse, que, apesar de incômodo, deve servir como termômetro para uma avaliação interna.

A falta de controle pode ser uma ótima oportunidade de aprendizado, e até mesmo os pequenos podem sair mais fortalecidos disso, já que a depender de como os pais lidam com esses momentos de conflito, a criança vai adquirindo um repertório próprio de como reagir diante das situações.

Por isso o equilíbrio emocional, até mesmo nessas horas, de saber pedir desculpas, caso tenha errado, de respirar fundo, quando sente que vai perder a calma, e o incentivo ao diálogo, podem ser importantes ferramentas para os filhos.

Como não perder a paciência com os filhos. Dicas

Existem algumas formas de evitar as explosões de raiva no dia a dia com as crianças.

Conheça algumas delas e lembre-se de que paciência é uma habilidade que se exercita.

  1. Respire fundo – A respiração profunda oxigena o cérebro e é muito útil quando se percebe que está prestes a “explodir”. Quando desconfiar de que está chegando nessa fase, respire fundo, e, se achar melhor, saia um pouco do ambiente;
  2. Seja o exemplo – Crianças se desenvolvem emocionalmente por meio de vários elementos, mas, principalmente, pelo exemplo dos pais. Se você for o tipo de pessoa que grita sempre, ela vai achar que esse comportamento é normal e vai copiá-lo;
  3. Descubra os gatilhos – Existem situações que favorecem momentos de estresse: não dormir direito, o excesso de atividades e obrigações, a falta de tempo para o lazer, tudo isso pode facilitar o estresse e desencadear as explosões. Descubra seus gatilhos e aprenda a evita-los;
  4. Gritar é uma escolha ruim – Quando você grita, interrompe a comunicação com a criança, e dá para ela um exemplo negativo de como agir diante das situações adversas. Além de tudo isso, gritar é uma violência contra à criança, a faz sentir-se diminuída e com medo. Evite os gritos a todo custo;
  5. Entenda que se trata apenas de uma criança – Não é fácil lidar com elas, mas lembre-se que elas estão aprendendo. Por exemplo, ao chorar: por muitos anos o choro vai ser uma das formas de comunicação da criança e isso não é para irritar ninguém, é apenas uma forma de dizer que há algo errado;
  6. Tenha empatia – Coloque-se no lugar da criança para entender o que ela sente. Exercitar a empatia é uma ótima maneira de melhorar como ser humano, amadurecer;
  7. Relaxe – Tenha momentos de descanso, durma bem, se alimenta direito e tenha hobbys. Isso é essencial para um bom equilíbrio emocional e não deve ser deixado de lado;
  8. Valorize a rotina – Ter regras e horários para fazer as coisas dá estabilidade e previsibilidade para as crianças. Elas precisam disso e essa atitude pode evitar muitas cenas de birra e descontrole;
  9. Tenha tempo para a criança – Os pequenos precisam de tempo com os pais, e isso é algo que vai fazer toda a diferença no bom desenvolvimento emocional delas. Muitas crises de choro são apenas por que a criança sente falta dos pais e quer chamar a atenção. Perceba os sinais e não abra mão de ficar com seus filhos;
  10. Ensine a importância do diálogo – A partir do momento que a criança aprende a falar é essencial mostrar para ela que a melhor forma de comunicação é através das palavras. Valorize e incentive o diálogo, a ajude a entender o que sente, dê nome às emoções. Assim elas adquirem aparato emocional para saberem reagir às situações.

Como vimos, perder a paciência é muito comum e pode até ser normal, mas não é o ideal nem para as crianças nem para os pais que se sentem muito culpados depois.

Algumas metodologias de controle da situação podem e devem ser usadas e com muitas chances de funcionarem. A paciência é algo a ser cultivado. Todos queremos ser os melhores pais possíveis com os nossos filhos. Somos todos humanos e não somos perfeitos mas a estrada para melhorarmos como pessoas, como pais, como cidadãos, deve sempre ser procurada.
Esperamos ter ajudado com estas informações. Compartilhe esta ideia!
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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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