A perigosa vida das crianças nas minas de ouro da Tanzânia


Elas têm no máximo oito anos, mas trabalham dia e noite nas minas de ouro espalhadas por todo o território da Tanzânia, o quarto maior produtor de ouro na África. Elas são mineradoras de pequena escala, cujas infâncias lhes foram roubadas. Em vez de brincarem, cavam poços profundos e instáveis onde trabalham em turnos de até 24 horas, carregando ​​sacos pesados, cheios dos ouros que muitas pessoas compram.

Todos os dias são susceptíveis de serem vítimas de colisões e acidentes com ferramentas, bem como de desenvolverem doenças a longo prazo, devido à poeira que respiram, ao transporte de cargas e à intoxicação por exposição ao mercúrio, que ataca o sistema nervoso e que pode causar incapacidade permanente.

A exploração destas crianças é descrita detalhadamente no relatório da Human Rights Watch “Toxic Toil: Child Labor and Mercury Exposure in Tanzania’s Small-Scale Gold Mines“. O relatório baseia-se na realidade de 11 locais de mineração em Geita, Shinyanga e Mbeya, contendo entrevistas com mais de 200 pessoas, incluindo 61 crianças que trabalham nas minas. A imagem que está emergindo é disarmante: o uso de crianças na mineração é uma das piores e mais perigoso formas de trabalho infantil que existem.

Meninos e meninas na Tanzânia são atraídos pelas minas de ouro na esperança de uma vida melhor, mas encontram-se presos em um beco sem saída de perigo e desespero. Muitas crianças que trabalham nas minas são órfãs ou filhas de famílias pobres. A Human Rights Watch também descobriu que as meninas ao redor dos locais de mineração são frequentemente sujeitas ao assédio sexual, para se tornarem vítimas de prostituição. Além do dano psicológico, o risco de contrair HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

“No papel, a Tanzânia tem fortes leis que proíbem o trabalho infantil nas minas, mas o governo tem feito muito pouco para aplicá-las. Inspetores do trabalho devem visitar tanto as minerações, com ou sem licenças, e assegurar que os empregadores que desfrutam do trabalho infantil sejam penalizados”, diz Janine Morna, que trabalha com os direitos dos menores na Human Rights Watch.

Mas a culpa não é apenas o governo da Tanzânia. Também o Banco Mundial e os financiadores ocidentais do setor de mineração devem empenhar-se seriamente (e não com projetos de satélites) para porem fim ao trabalho infantil no setor da mineração e reduzir a exposição de crianças e adultos ao mercúrio. A indústria do ouro é diretamente responsável pela exploração dessas crianças e jovens.

Em geral, são os pequenos comerciantes que compram ouro diretamente das minas ou cidades mineiras de ouro, e depois vendem aos atacadistas. Às vezes, o ouro passa por vários intermediários antes de chegar aos comerciantes que exportam. De acordo com o governo da Tanzânia, os mineiros de pequena escala produziram cerca de 1,6 toneladas de ouro em 2012, com um valor de aproximadamente US$85 milhões.

O principal destino do ouro das minas de pequena escala na Tanzânia são os Emirados Árabes, mas grandes quantidades também são exportados para a Suíça, África do Sul, China e Reino Unido.

O que podemos fazer? O primeiro passo é, sem dúvida evitar comprar ouro ou, comprar e apoiar o ouro ético. Em setembro do ano passado, a Fairtrade International anunciou que 12 minas na Tanzânia, Uganda e Quênia irão vender, até o final deste ano, o primeiro ouro ético da África.

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fonte foto: nationalgeografic.com

Também podemos assinar a petição pelo fim da exploração infantil nas minas de ouro. Participe, assine aqui!




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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