Distorção digital: na Noruega, influenciadores deverão sinalizar fotos retocadas


Na Noruega, uma nova lei proíbe que influenciadores digitais, também conhecidos como influencers, retoquem fotos em seus perfis sem sinalização clara ao público.

A emenda à Lei de Marketing 2009 legisla sobre o compartilhamento de imagens com retoques a fim de conter a distorção de imagens no país, informa o Metrópoles. A nova lei vale para postagens patrocinadas, que agora devem sinalizar com uma etiqueta padronizada se houve algum tipo de manipulação em imagens.

A etiqueta foi desenvolvida pelo Ministério da Criança e da Família para ser adotada por quaisquer pessoas que “recebem qualquer pagamento ou outro benefício” para criar anúncios nas redes sociais, incluindo imagens criadas por meio de filtros.

A violação da lei enseja multa, que encarece à medida que as regras forem por mais vezes infringidas. Dependendo do caso, a infração máxima prevê a detenção do infrator. Entretanto, o próprio Ministério admitiu que alguns casos podem ser difíceis de serem identificados, o que dificulta a aplicação da lei.

Pressão estética

O governo norueguês espera que a nova regra leve a sociedade a entender que algumas imagens corporais são totalmente irreais. Os influenciadores digitais do país responderam positivamente à medida como forma de evitar o  “kroppspress“, conceito que em norueguês significa “pressão estética”.

Uma legislação semelhante foi sancionada em fevereiro deste ano no Reino Unido.  pela Advertising Standards Authority (ASA), órgão regulador de propagandas, que determinou aos influenciadores a não utilização de filtros “enganosos” em propagandas de beleza. A punição aos infratores é a retirada das postagens das redes sociais.

Medidas como essas precisam ser aplicadas para acompanhar os problemas contemporâneos das sociedades. Segundo uma pesquisa feita por The Dove Self-Esteem Projects:

  • 70% das garotas mudam algum aspecto das fotos que postam em suas redes sociais;
  • 45% das garotas com baixa estima corporal usam a manipulação digital para se sentirem mais confiantes;
  • 81% das garotas comparam sua aparência em fotos com fotos de amigas;
  • 29% das garotas se sentem menos bonitas depois de verem fotos de amigos e amigas nas redes sociais;
  • 1 em 3 garotas com baixa estima corporal sente pressão para editar suas fotos a ponto de sua própria imagem não mais parecer com ela;
  • garotas tiram, em média, 14 selfies com o objetivo de conseguirem a “foto perfeita” antes de postá-la;
  • 47% das garotas não postam uma foto na rede social quando estão infelizes com a sua aparência;
  • 77% das garotas tentam mudar ou ocultar uma parte do corpo antes de postar uma foto sua.

O excesso de filtros têm provocado um descontentamento com a autoimagem em todo mundo, mas principalmente entre os adolescentes.

É preciso, sim, que haja legislações específicas para que marcas e empresas não se aproveitem de gerações que parecem não confiar em si mesmas. Que atire a primeira pedra quem nunca usou filtro…

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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