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Embora seja difícil para qualquer pessoa admitir que tem atitudes racistas, os números e uma breve observação mostram que o racismo ainda é um problema longe de ser superado. Por isso, algumas datas são tão importantes para conscientização a respeito de mazelas sociais que fazem tão mal à tantas pessoas.
O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma dessas datas. Criado em homenagem a Zumbi dos Palmares, um líder na luta contra a escravidão, que viveu no maior dos quilombos do período colonial, o Quilombo de Palmares.
Zumbi morreu nas mãos de tropas oficiais em 20 de novembro de 1695.
Mas mais de três séculos depois, a luta de Zumbi continua.
A escravidão, apesar de abolida, deixou sequelas na vida da população negra, que perduram até hoje. A falta de acesso aos estudos, à moradia, a serviços públicos de qualidade. Tudo isso ajudou a marginalizar os negros e a negar a eles direitos fundamentais para a dignidade humana.
Quem duvida do conceito de racismo, pode fazer o chamado “Teste do Pescoço”. Olhe em volta para as pessoas em um restaurante caro, ou para universidades de grife, hospitais de ponta. Quem está atendendo? Quem está sendo servido? Quem são os clientes e quem fica atrás do balcão? Esse é um teste que, apenas por meio da observação, já desmistifica o conceito de que no Brasil não existe racismo. Existe sim, e ele tem dados muito incômodos.
Entre as vítimas de homicídios, cerca de 75% delas são negras, de acordo com o Atlas da Violência. Negros morrem mais cedo e de morte violenta.
Negros ganham menos. Cerca de 42,5 menos do que os brancos, segundo dados do IBGE. No caso da renda domiciliar per capita, a população branca ganha, em média, 1.097,00 reais contra 508,00 reais da população negra (PNUD).
Negros estudam menos. A taxa de analfabetismo entre negros e pardos é de 9%, enquanto dos brancos é de 3.9%. Já entre os que concluíram o ensino médio são 40.3% de negros contra 55.8% de brancos, no período entre 2016 e 2018 (IBGE).
No entanto, algumas mudanças positivas já estão ocorrendo. Pela primeira vez, negros são maioria em universidades e faculdades públicas, com 50.3% das matrículas, de acordo com a pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, publicada pelo IBGE. Esse aumento deve-se, em parte, a Lei de Cotas, sancionada em 2016, que estipulou que metade das vagas em universidades e institutos federais fossem para cumprir cotas raciais. Já há mais representatividade do negro na mídia, mais acesso aos bens culturais e maiores perspectivas.
Mas grande parte dessas mudanças foi impulsionada por muitas discussões sobre racismo e é por isso que ela é tão importante.
Na data que marca o Dia da Consciência Negra essa conscientização é muito mais uma tarefa dos brancos do que os negros, mas todo mundo precisa olhar para esse fato, se quiser uma sociedade mais igualitária e humana.
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Categorias: Sociedade
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