Reconheça os sinais de um homem que poderia te jogar da janela


Mais um caso que está sendo investigado por feminicídio e que chocou o país. Um caso entre tantos outros que, infelizmente, seguem acontecendo todos os dias.

TATIANE SPITZNER

TATIANE SPITZNER

De um “tapinha não dói” a um safanão; de um murro a uma facada mortal ou ao lançar um corpo de um prédio, a diferença é incrivelmente pouca.

Vamos nos acostumando com as pequenas agressões até que elas se tornem sem retorno. É a cultura do estupro, a cultura do feminicídio. Vamos lembrar uma música que todo mundo cantou com certo orgulho porque se reconheceu na letra?

“Perguntaram pra mim
Se ainda gosto dela
Respondi, tenho ódio
E morro de amor por ela
(…)
Entre tapas e beijos
É ódio, é desejo”

No caso em questão, a advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, foi encontrada morta na semana passada, caída no chão da rua, em frente à sua casa. Pulou da sacada! Se matou! Ou, então, fora friamente assassinada pelo marido que — depois de uma briga e depois de testemunhas terem ouvido gritos e pedidos de ajuda da jovem — resolveu friamente lançar Tatiane da sacada do prédio onde o casal morava.

“Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, devem ter pensado as testemunhas que viram ou ouviram a jovem em situação de real perigo.

E assim segue sendo investigado esse caso de morte que, embora tenha ocorrido no dia 29 de julho, somente agora está tendo maior repercussão.

O suspeito nega o assassinato (ou melhor, o feminicídio — crime de ódio contra a mulher, um homicídio qualificado), alegando o suicídio da moça. Mas os fatos dizem muito contra ele, que teve uma reação não esperada de um homem que ama a mulher.

Enquanto a perícia legal não confirma a suspeita do assassinato contra a mulher, vamos nos lembrando de que este, infelizmente, é só mais um número no Brasil e no mundo. É preciso parar com isso, e existem algumas formas de detectar o perigo antes.

Vamos começar pelo começo: o menino pequeno superprotegido pelos pais, que não lhe dão a devida responsabilidade pelos erros cometidos.

É! Vamos falar disso, porque, se a criança cresce achando que pode fazer tudo, que não precisa pedir desculpas, que não precisa ser responsabilizada pelos seus atos… Se ela bate nos amigos, nas amigas, se a culpa é sempre dos outros e nunca dela… já viu que adulto será. Aquela pessoa que, porque os pais sempre passaram a mão na cabeça dela, acredita que o mundo também passará.

É importante falar isso porque as crianças de hoje serão os adultos de amanhã.

Já o homem adulto, com o caráter já formado, também dá pistas de ser capaz de jogar uma mulher da janela, ou de matá-la usando qualquer outro método, através de alguns sinais bem claros — e que muitas mulheres têm dificuldade de ver, por um motivo ou por outro (carência, dependência, paixonite aguda, etc.).

Que sinais ele dá?

Psiquiatras ouvidos pelo Extra traçaram o perfil do feminicida: aquele homem que, em vez de proteger e respeitar as suas mulheres, seria capaz das maiores atrocidades contra elas — ou seja, de assassiná-las.

  • São, geralmente, homens dominadores;
  • Não têm capacidade de empatia, não conseguem considerar os sentimentos da outra pessoa (teriam Transtorno de Personalidade Antissocial);
  • São, geralmente, frios;
  • Nem sempre têm doenças psiquiátricas ou transtornos mentais, mas, geralmente, apresentam personalidade violenta e hostil;
  • São machistas (acreditam haver superioridade em relação à mulher e acham que têm posse sobre elas).

Como acender o alerta e terminar a relação antes do pior acontecer

Todos os especialistas acreditam que o feminicídio seria a gota d’água de uma situação de violência já antes delineada — ou seja, ninguém acorda e resolve matar a mulher ou a namorada.

  • Os feminicidas têm histórico de agressões físicas e/ou verbais contra a mulher;
  • Desqualificam, humilham, botam pra baixo e agridem de forma verbaL;
  • Depois, passam às agressões físicas, ainda que de maneira gradual — de um beliscão a um tapa, um safanão, um empurrão…;
  • Fazem ameaças de todos os tipos: psicológicas, econômicas, etc.
  • Demonstram ciúme excessivo, descabido e controlador;
  • Um aperto mais forte no braço, um puxão de cabelo, um grito, um soco na parede, uma piada ofensiva ou uma fala que indica posse, como: “se não for minha, não vai ser de ninguém”, também são sinais de alerta.

Um crime evitável

O feminicídio pode começar assim: com atitudes “menores” e normalizadas. Por isso, a mulher, ao menor sinal de dominação, deve considerar seriamente:

  • Deixar a relação ou deixar claro que não irá suportar uma segunda agressão, por mais “leve” que esta tenha sido (incluindo as de natureza psicológica, como quando o homem diz: “você é burra!” ou “você não vale nada”);
  • Pular fora quando o homem tenta dominar entrando em seu mundo particular, rompendo sua privacidade, exigindo ver seu celular, restringindo suas amizades, ou proibindo-a de trabalhar, estudar, sair ou se vestir como deseja.

Esses sinais não são amor. São controle, violência e risco. A hora de agir é antes que o pior aconteça.

Leia também:

O Feminicídio é Um Crime Evitável? Por que?




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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