A polêmica da carne de Hilbert


Aquele prato de carne, cheirosa, apetitosa que a mamãe prepara ou que você come no restaurante, ou mesmo aquela carne vermelhinha, “fresca” encontrada na bandeja do supermercado não é feita de soja não! Nem nasceu já morta.

Ela foi de um animal, fofo, inocente como são os animais. Mas as pessoas piram quando você lhes mostra a realidade assim nua e crua para elas.

Por que estão atacando o Rodrigo Hilbert que poderia, ao contrário, ser visto como um cara de coragem? Afinal, dizem que no budismo é aceitável alimentar-se daquilo que o próprio comensal matou.

Entenda o caso

Em seu programa de culinária no GNT, o apresentador Rodrigo Hilbert mata um filhote de ovelha de 6 meses (ainda em fase de amamentação) para mostrar como se faz um bom churrasco de ovelha. A cena da morte foi ao ar na última quinta-feira 10.

Diz o site ANDA (Agência de Notícias dos Direitos Animais) que os gritos do filhote foram retirados da cena mas todo o resto foi mostrado (o corte, o sangue escorrendo etc)

A cena gerou revolta nos espectadores. Era de se esperar! Provavelmente muitas pessoas se sentiram desconfortadas ao saberem que a carne suculenta, macia e molinha que comem vem de um bebê fofo que grita behhhh e é amamentado pela sua mamãezinha.

É que a hipocrisia humana não tem fim. Dá uma uma olhada nessa pegadinha do SBT no link abaixo onde se vê o que as pessoas normais fazem ao saber que a linguiça que elas vão comprar é feita de um filhote de porco, todo rosa e fofo!

A CONTRADIÇÃO HUMANA NA PEGADINHA DA TV

As pessoas querem fechar os olhos para a realidade que se esconde atrás de suas escolhas.

Petição

Daí a revolta é tão grande que criaram uma petição online para que a emissora tire o apresentador do ar. E o que o moço tem a ver com isso?

Provavelmente tudo foi pensado antes para que o programa causasse…e o programa causou!

Agora vamos ao que interessa. O que a lei prevê nesse caso?

A legislação brasileira sobre proteção animal consiste de diversas leis que tratam desde o uso de animais para vivissecção à compra e venda de animais silvestres. Existe um Decreto de 1934, o Decreto 24.645 que estabelece medidas de proteção animal.

Vamos a alguns dos seus artigos que podem ser usados neste caso:

Art. 10 –

a) Nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem.

Art. 11 –

O ato que leva à morte de um animal sem necessidade, é um biocídio, ou seja, um delito contra a vida.

Art. 13 –

b) As cenas de violência de que os animais são vítimas, devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham como fim mostrar um atentado aos direitos do animal.

Tendo em vista que a finalidade do programa era simplesmente mostrar a “receita” do churrasco. A cena da morte do animal não seria para o divertimento do homem mas de alguma forma mostrou um atentado aos direitos do animal.

Alguém poderia denunciar a produção pelo uso da violência que é proibida, mas a mesma poderia se justificar com base no art. 13 do decreto mencionado.

A cena foi gratuita, desnecessária, mas de alguma forma, a meu ver, o canal, sem querer (ou querendo, não se sabe), acabou por prestar um serviço à sociedade levantando ao debate a “receita” do seu churrasco do fim de semana. Vamos parar de hipocrisia e vamos encarar a realidade: a carne que as pessoas comem é proveniente de um animal que foi tratado em condições ainda piores do que a mostrada no programa.

Quem se sentiu ofendido e teve o estômago revirado poderia simplesmente tomar uma boa decisão: não comer mais carne. O que vocês acham?

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Fonte foto: ANDA




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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