O lindo trabalho dos moradores para salvar o Rio Doce em Colatina


Muita gente está por lá, pelas Minas Gerais, tentando ajudar como pode – um deles é Diogo Cunha, um carioca que usa a filmadora como arma, de trabalho. E, através dos seus relatos, sabemos algo de mais real – o rio, praticamente seco, atolado de lama vermelha, nos quilômetros logo após Mariana, conta o jovem rapaz:

“Peguei o trem da Vale que faz o percurso Belo Horizonte – Vitória. 2h após sair de BH, a primeira visão do Rio Doce. Neste, trecho, alguns quilômetros após Mariana, o rio está praticamente seco. A lama vermelha é muito espessa e poucos veios de água correm. Tristíssimo.

De lá até Conselheiro Pena – cerca de 1h após Governador Valadares – vim registrando imagens do rio que segue rente à ferrovia. Até aqui, o rio continua com a coloração vermelha, mas com trechos mais líquidos. Ainda assim, só testemunhei um barqueiro em toda a extensão que pude ver, e ele se deslocava com dificuldade”.

Na Operação Arca de Noé, anteontem, 17, em Colatina, o povo corria contra o tempo. A lama estava chegando, já tinha sido liberada da barragem de Aimorés e alcançado Baixo Guandu. E o povo corria, tirando das águas ainda limpas tudo o que era peixe, lagostim, tartaruga, enfim, tudo o que caísse nas redes, o que importava era salvar a vida que por lá havia, ainda.

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E conta Diogo:

“Era o último dia antes da inevitável chegada da lama e a ação recebeu a ajuda de moradores, dos Bombeiros e da Polícia Militar do Espírito Santo. A ansiedade pela lama prevista para atingir Colatina desde terça passada também atraía moradores.

No dia anterior, as buscas pelos animais do Rio Doce se estendeu até as 3h da madrugada, mas às 7h já estavam homens em mulheres no cais do centro da cidade prontos para o trabalho de resgate. Comemoravam a cada novo peixe, camarão ou lagosta de água doce que conseguiam capturar.

A quantidade de peixes resgatados surpreendia alguns moradores que não acreditavam que o rio tinha mais tanta vida assim. Colatina teve o tempo que outras cidades não tiveram, muitos Valadarenses só descobriram a riqueza resistente do Doce quando viram seus peixes boiando mortos com a chegada da lama. Por isso a Operação Arca de Noé é um gesto emocionante. Uma corrida contra o tempo, aproveitando cada restinho dele para levar os peixes vivos para as lagoas da cidade.”

No final da tarde caiu a chuva que faltava há mais de 7 meses e a angústia levou famílias inteiras à beira do cais, para as margens do seu rio. O Rio Doce, em Colatina, ainda estava limpo na manhã de ontem quarta feira (18). A lama ainda não tinha chegado e, bateu a esperança: “Ver o rio sem a lama em Colatina aumentou minha esperança de que talvez essa tragédia toda seja reversível, de que o Rio não precisaria passar anos, ou talvez pra sempre, laranja e sem vida”, conclui Diogo.

Mas a lama segue sem bloqueios até o mar segue e Abrolhos está na sua reta. Antes disso, técnicos do Projeto Tamar andaram recolhendo dos ninhos, os ovos das tartarugas-marinhas para os porem a salvo.

Até onde? Até quando?

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Fonte e fotos: diogodcunha




Redação greenMe

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