Olimpíadas de exclusão e violência


Apesar de a abertura dos Jogos Olímpicos ter agradado a muitos pelas mensagens ecológicas e sustentáveis, de ser a primeira Olimpíada com uma delegação de imigrantes, além de a primeira com o maior número de mulheres participantes, foram muitas as contradições que marcaram os Jogos, já que também são uma marca de nosso país.

Uma dessas contradições foi exposta pelas Organizações Não Governamentais (ONG) Justiça Global, Conectas, Artigo 19 e ISHR ao denunciar o Brasil à Organização das Nações Unidas(ONU) por haver violado os direitos humanos de moradores de favelas e periferias da cidade do Rio de Janeiro durante o período da organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

No mês de junho deste ano, foi registrado um aumento de 104% de mortes a civis por policiais em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados informados pelo próprio governo do estado.

Além do aumento de mortes, foram milhares as famílias removidas da Vila Autódromo, deixando as Olimpíadas um legado de desapropriações e remoções na capital fluminense. Entre 2009 e 2013, 20.299 famílias (cerca de 67.000 pessoas) foram removidas de suas casas pela Prefeitura do Rio por causa das intervenções urbanas. Elas foram indenizadas ou reassentadas com a justificativa de que viviam em “zonas de risco”, de acordo com o Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas.

A denúncia das ONGs em Genebra, durante durante a 32a sessão do Conselho em um Painel sobre Olimpíadas, criticou a militarização da cidade devido à ocupação do Exército em favelas, o que já havia sido criticado anteriormente.

Outro ponto levantado durante a reunião foi a falta de transparência com os gastos públicos para a preparação das Olimpíadas, principalmente nas obras de mobilidade urbana. As situação orçamentária desastrosa do governo do estado do Rio de Janeiro demonstra claramente problemas na gestão financeira, chegando ao ponto de ser decretado estado de calamidade pública para que a União repassasse ao estado verbas no valor de R$ 2,9 bilhões de reais. Para piorar a situação, os servidores estaduais foram desrespeitados com o corte de seus salários para que os recursos fossem destinados às Olimpíadas.

Todos esses graves problemas (ambientais, humanos, financeiros), segundo as ONGs, acabaram ficando de legado para a população da capital, do estado e, também, do Brasil.

Confira aqui o pronunciamento das ONGs na íntegra.

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Fontes: elpais, justiça global




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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