Brasil está menos desigual, mas não o suficiente


O livro Trajetórias das Desigualdades – Como o Brasil mudou nos últimos 50 anos, do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) foi lançado na última terça-feira (2) na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. É este um primeiro grande balanço, das ciências sociais, ocorridas no Brasil no último meio século.

O país mudou muito mas ainda não é suficientemente equalitário. Foi conquistado o direito de voto, do acesso ao ensino fundamental, há água encanada e luz para “quase” todos, porém ainda há significativa diferença entre os salários de homens e mulheres, de brancos e negros, e também são bem diferentes as reais possibilidades de acesso de cada um desses grupos.

A nossa ainda é uma sociedade racista e machista, portanto, negros e mulheres têm menores chances de encontrarem emprego bem remunerado, ou simplesmente emprego. A desigualdade também ainda é grande no acesso à escolaridade já que, apesar do sistema de quotas existente em vários centros universitários, ainda é minoria o pobre que alcança os maiores níveis de sua potencial formação.

Segundo explica Marta Arretche, diretora do CEM o Brasil, com essa redução da desigualdade, contrariou as expectativas teóricas das ciências sociais.

Para a realização deste trabalho, os pesquisadores do CEM tabularam dados dos Censos Demográficos dos anos 1960, 1970,1980, 1991, 2000 e 2010, do IBGE é esta imensa massa de dados está disponível para consulta no site do CEM. Esta ampla abordagem feita pelo Centro permite um panorama mais completo da realidade brasileira.

Outro ponto importante focado neste trabalho é como as desigualdades aparecem na participação política pelo acesso à educação, ao mercado de trabalho, às movimentações migratórias, às questões de gênero, nas relações raciais, na saúde, na religião, nas condições de habitação e na infraestrutura urbana. 

Quanto aos resultados obtidos, conta Marta que “a primeira novidade importante é que a desigualdade reduziu no Brasil em múltiplas dimensões, o que não era esperado pela ciência social já que o Brasil é conhecido como um dos países mais desiguais do mundo e a segunda novidade, é que a mudança da desigualdade é incremental, que não existem grandes saltos. 

E ainda surge uma terceira novidade importante, que é sobre a diferença real de possibilidades para as mulheres e negros ficando claro que, o fator principal de dificuldade na inclusão social, no referente ao acesso a estudos mais avançados e ao mercado de trabalho, se deve às diferenças radicais no poder aquisitivo da população, ou seja, na má distribuição de renda existente no país. No entanto, é evidente que a questão da cor da pele com maior porcentagem de melanina, ou seja, tudo o que não seja considerado branco, é um fator excludente socialmente.

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Mas, com tudo isso, o que fica de patente é a importância das políticas públicas para a redução de todo tipo de desigualdade.

Hoje o Brasil é reconhecido mundialmente por seus avanços na redução da extrema pobreza, com os programas Bolsa Família e Fome Zero, este último servindo de referencial a outros países da América Latina, nomeadamente, Nicarágua, Venezuela, Cuba e Peru, que, junto com o Brasil e mais outros 20 países pelo mundo à fora, conseguiram alcançar a meta de redução da pobreza e combate à desnutrição, conhecidas como Metas do Milênio, segundo afirmou, em 2013, José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

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Fonte foto: freeimages.com




Redação greenMe

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