Um Fenômeno Chamado “Festa do Divórcio”


Tempos bem estranhos esses em que vivemos. Será falta de motivos para festejar ou um impedimento categórico de ser triste, de se decepcionar, de as coisas darem errado que faz fenômenos como as “festas do divórcio” crescerem no Brasil e no mundo?

Se casar é uma festa, divorciar virou outra. Simples assim! Só que não, ou pelo menos não sempre! Com coaches e receitas de bolo para a felicidade, parece que a sociedade criou uma varinha mágica que apaga todas as nossas desilusões. Pílulas da felicidade, remédios para dormir, acordar, emagrecer, relaxar, deixar de ser maníaco, preguiçosos enfim, a lista é longa! É como criar um ideal de si, ir a um médico e pedir uma fórmula mágica para ser quem você quiser: uma pessoa extrovertida, trabalhadora, alegre, que se acha a última bolacha e parou de ser migalha.

E é nesse contexto que a tristeza não tem fim, porque sequer teve um começo. Casou e deu ruim? Passa pano, faz uma festa e parte para outra.

Parece uma boa ideia. A vida é curta, e a fila anda, mas, porém, todavia, contudo, entretanto, a pergunta que naturalmente me vem é: será que as pessoas estão mesmo felizes se divorciando e fazendo festa?

É claro que há casos e casos e viva a liberdade de festejar! Mas, dada a futilidade, a superficialidade da nossa sociedade líquida – ou gasosa, se preferir – fico na dúvida se tem aí uma mistura de narcisismo com uma certa negação categórica para esconder fracassos, desilusões. Afinal, por mais que o relacionamento tenha sido tóxico e que o divórcio venha em boa hora, ninguém casa prevendo divórcio.

Seja como for, tá tudo muito bom, tá muito bem, cada um que festeje do seu modo e o quanto quiser, mas mentir a si mesmo é sempre a pior mentira. Que o festejamento seja sincero e responsável com o sentimento do outro. E cuidado com a ressaca. No mais, é só! Literalmente só!

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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