Piscinas e jardins dos ricos estão acabando com a água dos pobres


Evitar e reduzir o desperdício de água é ter consciência ambiental. Mas, alguns ainda insistem em suas regalias materiais gastando, literalmente, rios de água. Segundo um estudo publicado na revista Nature Sustainability, piscinas e jardins de ricos sugam a água das cidades, enquanto há pessoas lutando por poucos litros deste elemento essencial para a vida na Terra.

Piscinas e jardins: o desperdício de água da elite urbana

A pesquisa mostra que as elites consomem muita água para meras atividades de lazer, promovendo desigualdades sociais nos centros urbanos.

É recorrente o seguinte cenário: litros de água saindo de mangueiras para regar gramados de grandes edifícios e piscinas muitas vezes que nem são utilizadas.

Por exemplo, piscinas privadas são muitas vezes abastecidas com furos ou poços artesianos, agravando a desigualdade no acesso aos recursos hídricos.

É preocupante a irresponsabilidade das elites urbanas do mundo que consomem demasiada quantidade d’água. Além disso, as desigualdades sociais são gritantes: o acesso à água entre os mais ricos e os mais pobres é visivelmente dos mais privilegiados.

Elisa Savelli, autora principal do artigo e pesquisadora da Universidade de Uppsala, na Suécia, conta:

“Com demasiada frequência, os grupos sociais mais ricos sentem-se no direito de consumir quantidades insustentáveis de água para necessidades não básicas, como jardinagem ou piscinas. Estes grupos privilegiados têm acesso a fontes de água adicionais (como furos ou poços artesianos) e utilizam-nas de forma privada, excluindo assim o resto da população do acesso a tais fontes de água”.

Estes comportamentos beneficiam exclusivamente a minoria, ou seja, os ricos.

A longo prazo, a conduta injusta e insustentável dessas elites esgotará as fontes comuns de água, tornando as secas mais severas e as crises hídricas mais frequentes.

O estudo

Os pesquisadores do artigo “Urban water crises driven by elites’ unsustainable consumption” puderam quantificar o acesso dos diferentes estratos sociais aos recursos hídricos na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Famílias de elite e de renda média-alta representam menos de 14% da população da Cidade do Cabo, mas gastam a maioria da água consumida em toda esta capital (51 %).

Já os habitantes de bairros na periferia e as famílias de baixos rendimentos constituem a maioria da população local (62%), embora consumam apenas 27% do abastecimento urbano.

Quando falta água na capital da África do Sul, muitos destes moradores de comunidades periféricas dispõem de uma quantidade muito limitada de água para consumo humano ou higiene pessoal.

De acordo com o artigo, a única forma de preservar os recursos hídricos disponíveis passa por “uma alteração de estilos de vida privilegiados“, “limitando o uso de água para conforto pessoal e redistribuindo de forma mais equitativa o rendimento e os recursos hídricos“.

O estudo destacou ainda situações semelhantes em 80 cidades do planeta, incluindo:

  • Barcelona;
  • Londres;
  • Maputo;
  • Miami;
  • São Paulo;
  • e Tóquio.

Centros urbanos em todo o mundo estão sofrendo com a escassez de água devido ao seu uso insustentável nos últimos anos e, esta crise hídrica, pode piorar ainda mais à medida que a diferença social entre ricos e pobres aumenta.

A pesquisa defende que uma das principais soluções para reduzir o desperdício de água nas zonas urbanas, é combater o consumo desenfreado por parte das elites.

O que você acha? Por mais consciência ambiental ou liberdade econômica acima de tudo?

Fontes: 

  1. publico.pt
  2. Nature – Urban water crises driven by elites’ unsustainable consumption

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Lara Meneguelli


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