Novo remédio contra a depressão: cultura. Na Dinamarca já receitam


Em um recente artigo publicado por El Pais sobre o estado de adoecimento em que se encontra o Brasil, a jornalista e escritora Eliane Brum relembra o diálogo entre Sigmund Freud e Albert Einstein sobre como impedir o processo de destruição desencadeado pela guerra. O pai da psicanálise responde ao eminente físico que tudo o que favorece a cultura combate a guerra.

Se fizermos uma analogia com a guerra existencial, aquela que coloca em xeque cada um de nós, também a cultura pode ser uma ferramenta libertadora para a angústia e os males da alma. É o que tem sido efetivamente colocando em prática, na Dinamarca, para pacientes com depressão.

Vitaminas de cultura

No país escandinavo, as “vitaminas de cultura” fazem parte de um tratamento iniciado em 2016 com o objetivo de proporcionar às pessoas com depressão, ansiedade ou estresse, pelo período de dez semanas, estarem em contato com aparelhos culturais.

Os pacientes que fazem o tratamento têm contato com profissionais de diferentes áreas artísticas. É o caso de Mikael Odder, formado em musicologia, que já havia trabalhado durante oito anos com jovens vulneráveis:

“Usei a cultura, e a música em particular, para renovar a energia deles, construir a autoconfiança e fortalecer a habilidade deles em serem mestres de suas próprias vidas”, disse para o G1 em uma entrevista.

Como informou o G1, o projeto, que é mantido pelo Centro de Saúde Mental do Departamento de Saúde e Cultura da cidade de Aarlborg, prevê três dias por semana pelo período de dez semanas para o tratamento, que funciona assim:

“Os cidadãos conhecem guias culturais muito competentes, bem preparados e dedicados que oferecem uma ‘pílula de cultura’ para botar de novo um sorriso no rostos deles, conseguir apoio e fé em si mesmos”, explica o musicólogo.

Música, leitura, teatro…

As principais atividades desenvolvidas pelos pacientes durante o projeto são:

  1. LEITURAS COLETIVAS e compartilhamento de ideias, memórias, ética e moral da história lida, em uma biblioteca.
  2. Participação em um CORAL, para cantar junto e compartilhar a sensação de pertencer a uma comunidade ou grupo.
  3. Visitas ao ARQUIVO HISTÓRICO da cidade, com passeios pelas ruas e uma introdução à genealogia dos moradores. “Isso lhes dá uma filiação, o sentimento de que pertencem a um lugar.”
  4. Escuta de MÚSICA, usando um app com músicas calmantes que levam as pessoas a “fazer uma pausa, aprofundar a ponderação e as ajudam a pegar no sono”.
  5. Visita ao TEATRO, incluindo subir ao palco, conhecer as coxias e bastidores e acompanhar oficinas por trás das cortinas, sendo uma delas de linguagem corporal com atores.
  6. Contemplar um CONCERTO DE MÚSICA CLÁSSICA AO VIVO. “Isso se encaixa com muitas emoções dos participantes. Aqui, falamos sobre a catarse – um refinamento do cérebro produzido pela arte”, explica Nielsen.
  7. Visitas ao MUSEU DE ARTE, para conhecer a arte moderna e quais emoções ela desperta.
  8. Conexão com a NATUREZA, fazendo caminhadas pelas áreas verdes da cidade.

Experiência que dá certo

O foco do tratamento é desenvolver nos pacientes a autoconfiança e a sensação de pertencerem a um grupo, a fim de que eles se integrem coletivamente e evitem o círculo vicioso do isolamento.

Nielson comemora os resultados avaliando-os como “promissores”, visto que o tratamento devolve aos pacientes novas imagens sobre eles mesmos.

E mesmo se a experiência não desse certo… A cultura não tem contraindicação nem efeito colateral. Altas doses para todos!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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