Agrotóxicos: ligação epidêmica com câncer no Brasil


Você já ouviu e, provavelmente reouviu, falar sobre a ligação entre agrotóxico e câncer. Mas, precisamos falar de novo sobre isso pois, continuamos a usar agrotóxicos, abusivamente, no Brasil. Uma reportagem da BBC sobre o Rio Grande do Sul dá dados chocantes sobre o avanço do câncer na região (rural e urbana, não pense que você está melhor porque mora na cidade) e caracteriza o caso como de uma epidemia que, no entanto, não é sequer tratada como tal, ou como problema de saúde pública.

As empresas produtoras Monsanto, Syngenta e suas aliadas, ou filhotes, se defendem dizendo que não são produtos perigosos desde que usados conforme as regras (?). Vejam só, a Monsanto afirma que “todos os usos de produtos registrados à base de glifosato são seguros para a saúde e o meio ambiente, o que é comprovado por um dos maiores bancos de dados científicos já compilados sobre um produto agrícola”. Ahá! Seguros para quais interesses?

Mas, como afirma o promotor público do MP de Catuípe, Nilton Kasctin do Santos, existem graves riscos de produtos como o Paraquat, por exemplo: “Nada disso é invenção de palpiteiro, de ambientalista de esquerda ou de algum cientista maluco que nunca tomou sol. Também não é invenção de algum inimigo do agronegócio. Sabe quem diz tudo isso sobre o paraquat? O próprio fabricante. Está na bula, no rótulo”. Mas, claro, está lá em letras miúdas, em linguagem hermética.

Márcia Sarpa Campos Mello, pesquisadora do INCA – Instituto Nacional do Câncer e uma das autoras do “Dossiê Abrasco – Os impactos dos Agrotóxicos na Saúde“, “ressalta que o agrotóxico mais usado no Brasil é o glifosato – vendido com o nome de Roundup e fabricado pela Monsanto. Segundo ela, o glifosato está relacionado aos cânceres de mama e próstata, além de linfoma e outras mutações genéticas.”

Anualmente, cerca de 3,6 mil novos pacientes são atendidos na unidade coordenada por Fábio Franke, coordenador do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital de Caridade de Ijuí, que atende 120 municípios da região gaúcha. Se incluídos os antigos atendimentos serão, ao todo, 23 mil dos quais, 22 mil são bancados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) – os cofres públicos desembolsam cerca de R$ 12 milhões por ano para os tratamentos. Diversos estudos apontam a relação do uso de agrotóxicos com o câncer”, diz o oncologista.

Hoje, o Rio Grande do Sul é o estado com maior número (estimativa de ocorrência futura) de novos casos de câncer neste ano, em pesquisa elaborada pelo Inca – 588,45 homens e 451,89 mulheres para cada 100 mil pessoas de cada sexo. Em 2014, 17,5 mil pessoas morreram de câncer em terras gaúchas – no país todo, foram 195 mil óbitos.

Este aumento dos casos de câncer estão diretamente ligados ao crescimento, enorme, do mercado de agrotóxicos no país. Segundo estudo do IBGE feito em 2015, a comercialização de agrotóxicos aumentou 155% em dez anos no Brasil (considera-se o período de análise entre 2002 e 2012, o uso saltou de 2,7 quilos por hectare para 6,9 quilos por hectare).

Mas não é só isso! Como todos sabemos e denunciamos, os agrotóxicos aqui aplicados são daqueles “perigosos ou muito perigosos” em porcentagens absurdas que não se justificam para agricultura nenhuma (64,1% dos venenos aplicados em 2012 foram considerados como perigosos e 27,7% muito perigosos). Somos um campo de experimentação de resistência em guerra química. É o que parece!

A ABRASCO ainda denuncia que “o brasileiro consome até 12 litros de agrotóxico por ano“. Isso quer dizer que, você queira ou não, toma sua quota de agrotóxicos, vejam só.

O Centro de Informação Toxicológica do RS acusou que “no último ano, 52 pessoas morreram por intoxicação por paraquat em terras gaúchas”.

Entre 2007 e 2014 ocorreram, no Brasil, pelo menos 1.186 mortes por intoxicação por agrotóxico, denunciou a coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da USP, Larissa Bombardi. Mas, esse número é por baixo – as estimativas é de que existam outros 50 casos não notificados para cada um dos que os dados apontam.

Quer saber mais sobre os efeitos dos agrotóxicos?

Leia o estudo “Agrotóxicos no Brasil: um guia para a ação em defesa da vida“, de Flávia Londres, feito para o INCA – Instituto Nacional do Câncer que fundamenta grande parte das nossas denúncias sobre o que causam os agrotóxicos no ser humano, na vida animal, na vida.

E o GreenMe se posiciona

Abaixo apresentamos algumas das nossas matérias, nesses últimos anos, sobre a questão dos agrotóxicos. Vale a pena você relembrar, re-escolher e se posicionar pois, a vida de cada um é só uma, assim como o nosso lindo planeta azul.

* AGROTÓXICOS: NOVO RELATÓRIO DO GREENPEACE EXPÕE OS VERDADEIROS PROBLEMAS

* OMS: 5 AGROTÓXICOS CLASSIFICADOS COMO CANCERÍGENOS PARA OS SERES HUMANOS

* AGROTÓXICO NO BRASIL SE CHAMA AGORA PRODUTO FITOSSANITÁRIO!!!

Agrotóxico contamina voando – é a Lei nº 13.301/2016 que permite a pulverização de agrotóxicos nos céus citadinos brasileiros – e não há EPI ou regra de uso que valha. Leia mais aqui: AGROTÓXICOS SOBRE NOSSAS CABEÇAS – URGENTE (PETIÇÃO)

Sim, claro que muitos agricultores (os pequenos, pobres) negligenciam o uso de EPIs, o descarte de envases, as dosagens mas, isso não é nada frente ao dano das pulverizações aéreas em áreas de monocultura como o trigo, a soja, etc.

Leia mais: PEQUENOS AGRICULTORES NEGLIGENCIAM OS EFEITOS DOS AGROTÓXICOS

O uso de agrotóxicos na agricultura é só uma questão de escolha do sistema que não quer privilegiar a agricultura orgânica ou agroecológico.

Leia mais: AGROTÓXICOS, UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

Proibir o uso de agrotóxicos é fundamental para a saúde da população, seja ela do campo ou da cidade.

Leia mais:

MPF PRETENDE SUSPENDER OITO TIPOS DE AGROTÓXICOS

AGROTÓXICOS NA LAVOURA: LUCRO A POUCOS E MALEFÍCIO A MUITOS

E a Monsanto, fabrica mesmo o quê? Desde “agente laranja” para guerra química (lembra do Vietnam?) até a sacarina que alguns muitos preferem para adoçar o cafezinho:

Leia aqui:

Ah, e as bactérias superresistentes by Monsanto e seus agrotóxicos, vocês conhecem?

E não é só câncer. Agrotóxico também provoca infertilidade, impotência, abortos, desequilíbrio hormonal, malformações fetais, neuro-toxicidade, depressão imunológica e psíquica. E estão presentes em tudo o que comemos – quando não na origem, por contaminação secundária.

Leia também: INCA PEDE REDUÇÃO DE VENENO NA MESA DO BRASILEIRO




Redação greenMe

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