Cães: carinho é tão ou mais importante que comida, diz pesquisa


Embora não restem dúvidas de que o dito popular que alega que os cães são os melhores amigos do homem seja verdade, muito ainda se especulava a respeito dos verdadeiros interesses ou motivos que levavam os cães a demonstrarem reações afetivas.

Estudos antigos mostravam que as reações dos cães eram meras respostas condicionadas, não correspondentes a qualquer relação emocional. Agora, uma nova descoberta tende a mudar este cenário, trazendo uma perspectiva completamente nova, revelando que para cães o carinho é tão ou mais importante que comida na maioria dos casos, diz a pesquisa.

Cães reagem sob condicionamento, segundo pesquisas antigas

Estudos do século passado, como o do respeitado médico russo Ivan Pavlov, foram capazes de mostrar que os cães, na verdade, simplesmente reagiam a condicionamentos ao apresentarem as reações afetivas ou não diante dos atos de seus donos. Pavlov conduziu uma famosa pesquisa, referência até então na área, que foi capaz de mostrar que os cães demonstravam reações meramente pela associação.

Em termos gerais, a pesquisa de Pavlov consistiu em tocar uma sineta todas as vezes que os cães eram alimentados. Após um breve período de tempo, o simples fato de tocar a sineta (já sem alimentar os cães), fosse o suficiente para que os cães começavam a salivar, como se estivessem efetivamente sendo alimentados.

Cães podem preferir carinho de seus donos e não comida, diz nova pesquisa

Quase em oposição à teoria de Pavlov, uma nova pesquisa conduzida pelo neurocientista Gregory Berns da Emory University publicada no periódico científico Social, Cognitive and Affective Neuroscience mostra que muitos cães preferem o elogio e carinho de seus donos invés de comida. Este é um dos primeiros estudos avançados que se beneficia da tecnologia de análise da imagem cerebral em relação às escolhas dos cães.

Para que esta pesquisa fosse conduzida com sucesso, foi necessário treinar os cães para associar três objetos diferentes a diferentes resultados. Neste cenário, um brinquedo azul tinha como significado o elogio do dono, um pequeno caminhão rosa significava a comida e um pente de cabelo significava nenhuma recompensa, apenas para referência e controle da pesquisa.

Os cães eram conduzidos à máquina de ressonância magnética sem qualquer anestesia ou obrigatoriedade, o que traz muito mais credibilidade à pesquisa. Em seguida os objetos acima descritos eram apresentados a eles. Foi então possível analisar a atividade neural de cada cão diante de cada objeto que já tinha sua associação definida. “Do total de 13 cães que completaram a pesquisa, descobrimos que a maioria deles preferiram o elogio à comida” alega Berns. “Somente dois cães não demonstraram interesse pelo carinho, mostrando grande preferência pela comida”, conclui.

Isso significa que a teoria de Pavlov foi descartada?

Muito dificilmente a resposta para esta questão será afirmativa. Enquanto a pesquisa de Gregory Berns afirma que “cães são indivíduos com perfis neurológicos únicos, portanto suas escolhas serão de acordo com seu perfil“, Pavlov demonstrou técnicas claras de condicionamento que na verdade não fazem oposição ao novo estudo de Berns. Antes, acreditava-se que as reações dos cães (e talvez demais animais) fossem meras reações de condicionamento.

Hoje, graças a novos estudos como o de Berns, já é sabido que os cães podem demonstrar diferenças de reações e comportamentos de acordo com seu perfil individual, um possível traço de personalidade. É importante notar que as técnicas de condicionamento foram amplamente utilizadas nos mais variados estudos de comportamento e traços psicológicos. Estas técnicas são efetivas enquanto buscam resultados dentro do condicionamento aplicado, mas não podem ser consideradas como verdades absolutas como definições de comportamento.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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