Brasil terá pela primeira vez em sua história uma liderança indígena em chapa presidencial


Quem não conhece, ainda, Sônia Guajajara logo vai começar a se dar conta de quem ela é. Sônia é a primeira indígena a concorrer em uma chapa ao Palácio do Planalto pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, ela é uma ativista de nome originário Sônia Bone Guajajara que sempre defendeu os interesses dos povos indígenas e do meio ambiente.

Sônia atuou como coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Ganhou muita notoriedade, em 2017, ao participar do show da cantora Alicia Keys no Rock in Rio discursando pela demarcação de terras na Amazônia, sendo ovacionada pelo público presente.

Em 2018, o PSOL a apresentou como pré-candidata a vice-presidente da república na chapa encabeçada por Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MSTS), convertendo-se em uma dupla representação de movimentos sociais.

Sônia simboliza os indígenas, os nordestinos, as mulheres, ou seja, segmentos marginalizados na sociedade brasileira. Como disse ela ao HuffPost: “Nós temos nós mesmos, a gente quer ser protagonista da nossa história”. Essa fala confirma o desejo dos povos indígenas de terem um representante legítimo, e não apenas um porta-voz de seus interesses.

Em entrevista ao HuffPost, Sônia contou a sua história e como nasceu a sua candidatura à vice-presidência. Ela explica que, em 518 anos, o Brasil teve apenas um representante indígena no Parlamento e que a sua candidatura, então, vem da necessidade de ocupar institucionalmente um espaço político.

A sua candidatura também tem motivado mais a participação indígena em cargos políticos. Segundo Sônia, há 12 indígenas filiados ao PSOL concorrendo à eleição deste ano em 10 estados da federação, além de mais por outros partidos.

Sônia destaca que o fato de ser mulher também pesou para a composição da chapa, revelando uma compreensão da questão de gênero como fundamental no fazer político.

Ela destaca que a atual conjuntura política para as questões indígenas não só é péssima como representa um retrocesso, pois agora não apenas as demarcações estão paralisadas como houve a revisão de terras já demarcadas. Outro ponto crítico levantado por Sônia é a judicialização das terras indígenas, devido a um acordo de conivência entre o Executivo e o Judiciário.

Sônia reconhece a dificuldade de se governar com a chamada bancada ruralista. Mas ela acredita que por meio da maior participação popular, trazendo a sociedade para o centro das questões de interesse público, seja possível minar o poder dos ruralistas.

Hoje, o Ministério do Meio Ambiente trabalha coadunado com a bancada ruralista, isto é, não faz enfrentamentos, não propõe bandeiras, como se não houvesse problemas ambientais graves no país.

O trabalho de Sônia só está começando na política nacional. É de suma importância o trabalho que ela tem feito para o país. Esperamos que os brasileiros reconheçam a sua luta e apoiem as suas causas, pois preservar o meio ambiente e a cultura dos povos indígenas deve ser pauta de QUALQUER programa de governo.

Leia também:

AS VOZES SILENCIADAS DAS NAÇÕES INDÍGENAS

MAIS DE 300 ETNIAS, MAIS DE 200 LÍNGUAS: CONHEÇA A RIQUEZA CULTURAL DOS NOSSOS ÍNDIOS

Fonte foto Sônia Guajajara




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...