Um filme sobre autodemarcação de terras, feito por guerreiras indígenas


Um filme produzido pelas mulheres da aldeia Sawré Muybu que participaram da oficina de audiovisual durante o processo de autodemarcação. A decisão de fazerem a autodemarcação resultou da impossibilidade de continuarem esperando que o poder público demarque suas terras tradicionais já homologadas.

“Essa é a nossa terra, Daje Kapap Eypi, somos um povo nativo da floresta amazônica, existimos desde a origem da criação do mundo quando o Karosakayby nos transformou do barro e nos soprou com a brisa do seu vento dando a vida para nós. Desde o princípio conhecemos o mundo que está ao nosso redor e sabemos da existência do pariwat que já vivia em nosso meio. Éramos um só povo criado por Karosakaybu, criador e transformador de todos os seres vivos na face da terra: os animais, as florestas, os rios e a humanidade. O pariwat foi expulso do coração da Amazônia, devido ao seu pensamento muito ambicioso, que só enxergava a grande riqueza material. Não pretendia proteger, guardar, preservar, manter intactos os bens comuns, maior patrimônio da humanidade. Por isso, Karosakaybu achou melhor tirar a presença do pariwat deste lugar tão maravilhoso. Nossos ancestrais contaram que um dia os pariwat chegariam onde nós estamos e por isso agora estamos contando a história da nossa luta para defender nosso território sagrado”.

Autodemarcação Daje Kapap Eypi, julho de 2015

No filme vários guerreiros munduruku são vistos com mapas e outros instrumentos decidindo por onde passarão os limites de suas terras. Um trabalho insano se pensarmos que estão fazendo isso dentro da mata, diretamente no ambiente natural e não em um gabinete, com fotos aéreas e tecnologias mais avançadas. Mesmo assim, os guerreiros munduruku não desanimam pois, para apoiá-los, existe a “coragem”, como eles mesmo dizem, de fazer tudo para salvar a natureza, pois precisam dela.

O filme será exibido para o povo Munduruku hoje, 22, na aldeia Dace Watpu, no médio Tapajós.

Veja algumas das falas das guerreiras autoras do filme, retiradas do blog Autodemarcação no Tapajós, com uma grafia típica que define traços culturais importantes:

“Nós, guerreiras da aldeia Sawré Muybu, se dediquemos a fazer um filme da autodemarcação para mostrar que não estamos de braços cruzados esperando o governo”.

“Mas nós estamos lutando pela nossa terra e nunca, jamais, desistiremos do que é nosso por direito”.

“A gente mostrou o quanto temos coragem para lutar. A nossa autodemarcação não está sendo fácil, como seria para o governo pegar a caneta, assinar e pronto”.

“Nós queria que as pessoas dessem apoio divulgando o filme para mostrar que a gente é contra a hidrelétrica”.

Os indígenas têm a palavra, a terra tradicional é deles, por direito histórico e por necessidade ambiental de todos nós.

As guerreiras que filmaram o processo são: Lucineide Saw Munduruku, Rilliete Saw Munduruku, Alcineide Saw Munduruku, Luciane Saw Munduruku, Marunha Krixi Munduruku

Fonte foto: autodemarcacaonotapajos




Redação greenMe

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