Nobel da Paz 2018: Contra a Guerra e a Violência Sexual


Um forte apelo para acabar de vez com este mal tão antigo e tão ainda presente em nossa sociedade. A Violência Sexual deve ser combatida pois ela não cabe mais entre aqueles que se autodenominam Sapiens. E é exatamente isso o que o Nobel da Paz 2018 assinala este ano, dizendo principalmente que a violência sexual não pode ser usada como arma de guerra.

Os dois vencedores do prêmio são pessoas que passaram a vida a lutar contra a violência sexual: o médico ginecologista Denis Mukwege, 63, tratou e curou mais de 30 mil vítimas deste tipo de violência em seu país de origem, a República Democrática do Congo; e a ativista Nadia Murad, 25, uma sobrevivente da escravidão sexual imposta pelo Estado Islâmico no Iraque.

O médico conhecido por “doutor milagre” tratou e curou lesões graves sofridas por mulheres, advindas de abuso sexual cometido por milícias durante a guerra civil do Congo, durante anos de conflito armado. É considerado um dos maiores especialistas do mundo em reparação de danos físicos causados por violação sexual. Diz-se que ele chegou a fazer mais de 10 cirurgias por dia em jornadas de trabalho de mais de 18 horas.

Nadia Murad conseguiu fugir das mãos do Estado Islâmico, após ter servido de escrava sexual durante três meses por seus integrantes. Ela hoje lidera uma campanha contra o tráfico de pessoas e pela libertação do seu povo, os yazidis, uma etnia religiosa curda, cujas mulheres e crianças foram covardemente massacradas sexualmente em 2014 pelos opositores à sua religião, diga-se o Estado Islâmico, na tentativa de extirpar o Iraque e os países vizinhos de quaisquer influências não muçulmanas.

Nadia é a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Violência sexual como arma de guerra

Pelos seus esforços no combate ao uso da violência sexual como arma de guerra e de conflitos armados, Nadia e Denis foram premiados com o Nobel da Paz 2018.

“Corajosamente combatendo crimes de guerra e buscando justiça para as vítimas, ambos os laureados deram suas contribuições cruciais para dar visibilidade aos crimes de guerra e combatê-los. Denis Mukwege dedicou sua vida a defender essas vítimas. Nadia Murad é a testemunha que conta sobre os abusos cometidos contra ela e os outros. Cada um deles à sua maneira ajudou a dar maior visibilidade à violência sexual em tempos de guerra, de modo que os perpetradores possam ser responsabilizados por suas ações”, lê-se no Comunicado Oficial do Prêmio.

“Se quisermos que as pessoas digam ‘não à guerra’, temos que lhes mostrar o quão brutal ela é”, diz Berit Reiss-Andersen, presidente do comitê norueguês.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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