A estrutura de uma cidade favorece o racismo inconsciente, diz estudo


Você já parou para pensar que existe uma complexa interseção entre urbanismo e preconceito? Um estudo recente nos Estados Unidos mergulhou na intricada relação entre a organização urbana e a manifestação do racismo inconsciente, revelando como a estrutura das cidades pode influenciar atitudes discriminatórias.

Fatores Urbanos e Preconceitos Implícitos: Uma Análise Profunda

Uma nova pesquisa realizada pela Santa Fe Institute indicou que diversos fatores urbanos, como o tamanho da cidade, sua diversidade populacional e o grau de segregação, desempenham papéis significativos na formação e perpetuação do racismo inconsciente.

Isso significa que o modo pelo qual as cidades são organizadas levam as pessoas a serem mais ou menos preconceituosas em relação às comunidades estrangeiras ou de outras etnias, presentes em um mesmo espaço urbano.

Cidades com redes sociais mais amplas, diversificadas e menos segregadas tendem a apresentar menores níveis de preconceitos raciais implícitos.

O estudo

O estudo foi realizado por meio de uma análise abrangente que combinou dados demográficos e pontuações médias de preconceito do Teste de Associação Implícita (IAT) de aproximadamente 2,7 milhões de indivíduos em várias áreas geográficas dos Estados Unidos. Os pesquisadores utilizaram esses dados para construir um modelo que examinou como os preconceitos raciais implícitos são assimilados por meio das redes sociais das cidades em que as pessoas vivem.

Os resultados revelaram uma forte correlação entre a estrutura urbana das cidades e a presença de preconceitos raciais. Em particular, foi observado que cidades com redes sociais mais amplas, diversificadas e menos segregadas tendem a ter menores níveis de preconceitos raciais implícitos.

Entre esses fatores, a segregação urbana emerge como um dos principais impulsionadores do racismo inconsciente, criando barreiras físicas e sociais que limitam as interações entre diferentes grupos étnicos e culturais.

A falta de espaços públicos de encontro e interação entre comunidades diversas contribui para a perpetuação desses preconceitos.

Esses achados ressaltam a importância de considerar o contexto urbano ao abordar questões de racismo e discrimininação, destacando a necessidade de políticas e intervenções que promovam cidades mais inclusivas e equitativas.

Construindo Cidades Inclusivas e Equitativas

Diante dessas descobertas, a construção de cidades mais cosmopolitas, onde as barreiras entre grupos são reduzidas e as interações são facilitadas, emerge como uma estratégia fundamental para combater as disparidades raciais e promover a equidade social.

Ainda que o estudo tenha considerado apenas a situação nas cidades norte-americanas, este estudo pode ser aplicado para explicar os fenômenos do racismo no mundo inteiro.

Se pareceu óbvio, porque continuamos construindo áreas residenciais segregadas, às vezes muradas? Aí já é racismo consciente!

Talvez te interesse ler também:

Auroville: Um Paraíso Onde é Possível Viver Sem Dinheiro

Crime Zero em Serranos: cidade mineira sinônimo de segurança e paz

Desigualdade no clima: pobres sofrem ondas extremas e perigosas de calor




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...