Democracia se aprende com as ovelhas: todos podem comandar


No mundo das ovelhas a verdadeira democracia existe. Estes animais escolhem seus líderes em rodízio, de modo que todos possam comandar e que a liderança seja constantemente alternada.

Ter um comportamento de manada ou seguir o rebanho, geralmente se diz de pessoas com pouca opinião própria, que segue o fluxo dos outros. A expressão se refere às cabras ou ovelhas mas, assim como ofendemos as vacas, as galinhas, as cobras e os cachorros chingando os humanos, aqui também se verifica um erro, afinal, quem governa as ovelhas?

Os líderes no reino animal (inclusive entre nós) geralmente são os maiores, melhores, mais fortes ou mais inteligentes. Mas sapiência mesmo é com as ovelhas.

Um novo estudo descobriu que as ovelhas são ‘democráticas’ de verdade. Elas têm líderes temporários e rotativos, aleatórios e que continuamente são substituídos, trocados por outros em um ciclo inovativo que beneficia todo o rebanho.

Comportamento animal

A nova pesquisa etológica vem da França. Os pesquisadores chegaram a essas conclusões após observarem cuidadosamente pequenos rebanhos compostos por 2 ou 4 espécimes fêmeas, todos da mesma idade.

Os pesquisadores monitoraram os movimentos dos animais de um campo a outro, analisando qual indivíduo tomava as decisões e com qual frequência.

Surpreendentemente, os etólogos perceberam que as ovelhas não tinham líderes fixos, mas os alternavam continuamente.

“Cada episódio de movimento tem um líder temporário que guia o grupo em formação de linha. A razão para esta rotação espontânea e aleatória do líder provavelmente fornece uma vantagem no forrageamento, compartilhando o conhecimento adquirido por espécimes individuais nas fases de exploração. Talvez em suas andanças uma ovelha descubra um campo particularmente rico; quando chegar sua vez como líder, permitirá que todos os outros espécimes se beneficiem disso. O comando compartilhado, na prática, torna-se conhecimento coletivo que não perde oportunidades preciosas.

Ao combinar experimentos e um modelo baseado em dados, fornecemos evidências de que a coordenação do grupo nesses episódios resulta da transferência de informações sobre a posição do líder temporário para todos os membros do grupo por meio de uma rede de interação altamente hierárquica e direta. Além disso, mostramos que os membros do grupo alternam entre os papéis de líder e seguidor por um processo aleatório, independente do mecanismo que regula os episódios de deslocamento coletivo.

Nossa análise sugere que é possível conceber estratégias coletivas intermitentes que tiram proveito de esquemas organizacionais hierárquicos e democráticos”, escreveram os cientistas no resumo do estudo.

Bora aprender com as ovelhas

O estudo foi realizado apenas em rebanhos muito pequenos e compostos apenas por fêmeas; os mecanismos na presença de machos e em um número maior de espécimes não são conhecidos.

Mesmo assim, o que se pode concluir desse pequeno estudo é que os animais têm suas inteligências, muitas vezes subestimadas por nós, que seguimos explorando seres sencientes e inteligentes porque nos sentimos superior.

O quanto ainda temos que aprender para nos igualarmos a eles?

As ovelhas alternam seus líderes de forma orgânica e altamente fluida. Esses processos representam um exemplo de inteligência coletiva que pode nos ensinar muita coisa. Por exemplo? Que a evolução humana somente viria quando compreendermos que o coletivo vale mais que o individual.

Esse conceito existe no Direito, mas falta incorporá-lo em nossas almas.

Os detalhes da pesquisa “Intermittent collective motion in sheep results from alternating the role of leader and follower” foram publicados na revista científica Nature Physics.

Fontes:

  1. Nature Physics
  2. ZME Science

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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