Novo estudo identifica sons em espécies antes consideradas mudas


Você acha que os animais que não emitem sons são mudos? Incorreto!

Um estudo recente identificou a emissão de sons em espécies anteriormente consideradas mudas.

Se você ouvir atentamente os animais, eles têm muito a dizer.

Comunicação animal

Um novo estudo publicado na Nature Communications identificou sons feitos por 53 espécies.

Das 53 espécies observadas, 50 eram tartarugas tuataras (um tipo de réptil encontrado na Nova Zelândia), cecílias (um anfíbio sem membros) e o peixe pulmonado sul-americano.

Espécies como a tartaruga de cabeça grande do Rio Amazonas também foram encontradas emitindo sons, inclusive nas comunicações com a prole.

Gabriel Jorgewich-Cohen, biólogo e pesquisador da publicação, disse que a pesquisa nasceu quando ele leu sobre um projeto na floresta amazônica brasileira, em 2014.

Na época, um estudo descobriu que tartarugas gigantes sul-americanas encontradas na Amazônia usavam comunicação vocal para falar umas com as outras, incluindo chamar seus filhotes.

A partir dessa descoberta, o pesquisador quis saber mais. Ele conta:

“Achei que talvez houvesse mais tartarugas por aí fazendo sons”.

O estudo

O biólogo começou em casa, gravando suas próprias tartarugas de estimação. Curiosamente, ele encontrou muitos sons. Daí, o projeto se expandiu.

Segundo ele, a ideia era focar em animais que são considerados não vocais.

Cada espécie foi registrada por pelo menos 24 horas. As gravações de áudio incluem:

  • clique;
  • chilrear;
  • assobio;
  • e ronronar.

Ele também se surpreendeu com o amplo repertório de algumas espécies: algumas tartarugas “faziam muitos tipos diferentes de sons“. Outros, embora tivessem um vocabulário mais limitado, “não paravam de conversar“, repetindo frequentemente os mesmos sons.

Esse fenômeno é conhecido como evolução convergente, quando as espécies se adaptam de maneira semelhante, embora tenham origens diferentes.

Mas, de acordo com os especialistas na área, a árvore genealógica evolutiva sugere que a capacidade de produzir sons “vem de uma única origem“.

O artigo afirma que a comunicação vocal deve ser tão antiga quanto o último ancestral comum dos vertebrados coanatos (vertebrados com pulmões), com aproximadamente 407 milhões de anos.

Mais um motivo importante para pensarmos na conservação das espécies, de onde viemos e para onde, possivelmente, vamos.

A natureza, todo dia, nos impressiona com algo novo que ainda não sabemos.

O biólogo conclui:

“As tartarugas são o segundo grupo de vertebrados mais ameaçado de extinção, atrás dos primatas.

Quando pensamos em sua conservação, nunca consideramos o ruído humano como uma fonte de problemas, e acho que talvez agora devêssemos começar a considerá-lo, repensando como fazemos conservação”.

Fonte: CNN

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Lara Meneguelli


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