Milhares de animais selvagens comercializados em péssimas condições de higiene na China, antes da pandemia


Um estudo publicado na revista Nature, descobriu que mais de 47 mil animais selvagens foram vendidos em 17 lojas em quatro mercados diferentes na cidade chinesa de Wuhan, entre maio de 2017 e novembro de 2019, portanto, nos dois anos e meio antes que o primeiro caso de Covid-19 fosse confirmado por lá, fornecendo novas evidências de que o coronavírus poderia ter se espalhado naturalmente dos animais para os humanos.

O estudo, realizado por pesquisadores da China West Normal University, da University of Oxford e da University of British Columbia do Canadá, revelou que os animais selvagens pertencem a 38 espécies diferentes, sendo 31 delas protegidas pela lei chinesa, portanto não poderiam ter sido comercializadas, mas eram frequentemente mortas nos mercados e armazenadas em péssimas condições de higiene, sem nenhuma fiscalização ou controle, o que pode ter sido o agente facilitador para que o vírus saltasse entre as espécies.

Segundo o estudo,

“quase todos os animais foram vendidos vivos, enjaulados, empilhados e em más condições”.

A investigação catalogou quais espécies de vida selvagem (incluindo espécies selvagens capturadas e cultivadas mas não domesticadas) estavam realmente sendo vendidas para alimentação e como animais de estimação, quais as quantidades envolvidas e em que medida os fornecedores violaram suas autorizações de comércio. 

Os animais selvagens eram comercializados de forma totalmente ilegal, sem licença ou qualquer certificado de comprovação de origem.

Dentre os animais encontrados na pesquisa, há pelo menos 4 espécies que os cientistas afirmam ter a capacidade de transportar o vírus causador da Covid-19, são elas: civitas, martas, texugos e cães-guaxinim.

Cadê os morcegos e os pangolins?

Causa espanto e é curioso verificar que dentre os animais mais encontrados na pesquisa, não estejam os morcegos e os pangolins, na verdade eles sequer foram encontrados.

Os próprios pesquisadores fizeram questão de destacar no estudo que:

“Notavelmente, nenhuma espécie de pangolim ou morcego estava entre esses animais à venda”.

Eles concluíram a partir disso que:

“nossos dados de pesquisa abrangentes corroboram que os pangolins não estão provavelmente implicados como hospedeiros indiretos no surto de COVID-19. Isso não é surpreendente porque o comércio de pangolim vivo praticamente cessou na China”.

Já no caso dos morcegos, estudos apontaram que o SARS-CoV-2 é um tipo de coronavírus que se assemelha mais aos tipos encontrados nessa espécie de animal, e foi apontado como possível causador do salto do vírus do animal para o homem.

Já quanto aos pangolins, provavelmente são apenas mais um reservatório natural de coronavírus, como os morcegos e vários outros mamíferos, destacou o estudo.

O mistério continua

Diante disso, o estudo sugere que a fonte original mais provável da Covid-19 não parece ter sido encontrada, e isso é altamente importante, não só porque é necessário descobrir a verdadeira origem do vírus, mas também para impedir que uma falsa atribuição leve a uma perseguição de animais de forma extrema e irresponsável.

Mamíferos portadores do vírus

Segundo um outro estudo publicado também pela revista Nature, a cientista Maya Wardeh, da Universidade de Liverpool, afirma que os pesquisadores descobriram que há muito mais mamíferos que podem ser infectados com múltiplos coronavírus do que se conhecia anteriormente.

Já um estudo publicado na revista médica News Medical Life Sciences, demonstrou que pesquisadores do Instituto Friedrich Loeffler, na Alemanha, descobriu que cães-guaxinim eram um hospedeiro intermediário potencial na transmissão da Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus 2 (SARS-CoV-2).

A visita da OMS na cidade chinesa de Wuhan

No início desse ano, uma equipe liderada pela OMS – Organização Mundial de Saúde – visitou a cidade chinesa de Wuhan a fim de fazer uma minuciosa investigação sobre a possível causa da origem do vírus SARS-CoV-2, inspecionando lugares e mercados de alimentos, inclusive aqueles apontados onde os primeiros casos de Covid-19 foram encontrados em dezembro de 2019.

Na ocasião, a descoberta dos primeiros casos de coronavírus ligados ao mercado, motivou as autoridades chinesas a anunciar que a provável origem era a carne de animais selvagens vendida fresca nesses lugares.

A OMS relatou que as autoridades alegaram que todos os animais vivos e congelados vendidos no mercado de Wuhan foram adquiridos de fazendas oficialmente licenciadas para reprodução e quarentena e, como tal, nenhum comércio ilegal de animais selvagens foi identificado.

Além disso, ao reverso do que constatado pelo estudo publicado na revista Nature, a equipe de pesquisadores da OMS não encontrou nenhuma prova de mamíferos vivos sendo vendidos naqueles mercados, embora tenham ouvido relatos de que essas vendas ocorriam, sendo informados, ainda por autoridades locais, que todos os animais selvagens eventualmente comercializados eram legais.

Agora, depois do estudo ter sido publicado por uma revista científica e ter sido validado, provavelmente irá integrar as investigações promovidas pela OMS na tentativa de conhecer a causa e origem do SARS-CoV-2.

Triste conclusão

Mesmo que a maioria dos cientistas apontem como causa mais provável o vírus da Covid-19 ter se espalhado naturalmente de animais para humanos, nenhum estudo foi capaz até agora de encontrar um ancestral para o vírus, ou de  identificar as espécies que possam ter agido como um hospedeiro intermediário.

Mas esse estudo publicado pela revista Nature fornece pistas muito contundentes até agora, principalmente quanto à existência do imenso comércio ilegal de animais selvagens vivos e mortos sem fiscalização e em péssimas condições de higiene.

Para os autores do estudo, esses são indícios fortes há se comprovar que a possibilidade do vírus ter escapado de um laboratório é pequena, diante desse cenário de horror e morte dos animais.

Segundo disse Robert Garry ao jornal The Wall Street Jounal, virologista da Escola de Medicina da Universidade de Tulane em Nova Orleans, que não esteva envolvido no estudo mas está entre os cientistas que rejeitaram consistentemente a hipótese do laboratório, a constatação dos animais nessas condições “coloca claramente o [SARS-CoV-2] – animais suscetíveis bem no meio de Wuhan”.

Em última análise, é de se concluir que, de fato, acredita-se que a vida selvagem seja a fonte de pelo menos 70% de todas as doenças emergentes e é necessário mudar as atitudes das pessoas em relação ao consumo e trato dos animais.

Se depois dessa não tivermos entendido, é o sapiens a única espécie a merecer a extinção.

Só para clarificar a questãoo, deixamos um vídeo que mostra o horror desses mercados em Wuhan. Cenas forte. Haja estômago!

https://youtu.be/PJY0IHcezas

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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