Circo Barnum encerrará as atividades após 146 anos


Com tradição centenária, o circo que ficou mundialmente conhecido por atrações espetaculares anunciou que encerrará as atividades em maio de 2017. Fundado em 1871, o circo Barnum (ou “o maior espetáculo do mundo” como se autoproclamava) se vê em meio a problemas financeiros e batalhas infindáveis com os defensores dos direitos dos animais. Agora, a única alternativa é fechar as portas, ou melhor, desmontar a tenda.

As lágrimas no picadeiro – o fim das risadas

Para Kenneth Feld, presidente da Feld Entertainment e resposável pela atração, “o circo e os seus colaboradores têm sido uma fonte contínua de inspiração para todos”, por isso a decisão de fechá-lo é “difícil”. Já para Trudy William, treinador dos elefantes, a decisão “é triste, pois nós sentimos que é o fim de uma era”.

Assim, após 146 anos de atividade, o circo Barnum terá sua última apresentação ainda neste ano, segundo texto publicado pela Ringling Bros. and Barnum and Bailey Circus. No comunicado, as razões explicitadas mencionam diversos problemas financeiros ocasionados pelos aumentos de custos e diminuição de vendas nos ingressos, desencadeados principalmente desde que as sociedades protetoras dos animais exigiram a retirada dos elefantes.

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“As vendas de ingressos já vinham caindo, mas após a saída dos elefantes a queda foi ainda mais dramática”, relata Feld no comunicado. “Além dos custos operacionais que tornaram o circo um negócio [totalmente] insustentável”, completa. Para Kenneth Feld, o encerramento das apresentações irá afetar pelo menos 400 pessoas (funcionários), além do público anual de 10 milhões de pessoas que ainda assistia às apresentações.

O outro lado da história – a vitória da vida

Circos como Barnum foram febre no mundo por dezenas de anos graças às atrações exóticas que apresentavam. Além da exploração de anões, gigantes e outras questões estéticas, o circo Barnum também explorava os animais, muitas vezes de forma cruel para obter os resultados desejados. Como referência, para adestrar um elefante os treinadores mantêm o animal acorrentado a um troco por uma das patas desde o nascimento, assim, quando grandes, permanecem imóveis se amarrados novamente, mesmo que aos mais frágeis dos troncos.

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Além disso, outras diversas crueldades eram aplicadas para adestrar os animais, que podiam envolver chicotadas, privação de alimentos, choque, fogo, tiros e etc. Basta consultar o histórico de desumanidades aplicadas por todos os treinadores circenses para ter uma sensação de embrulhar o estômago, tamanha crueldade exercida.

Estas questões, evidentemente, chamaram a atenção de sociedades protetoras de animais, como PETA que há tempos tem lutado para o fim de circos que exploram inescrupulosamente a vida e a saúde dos animais. Ao receber a notícia de que Barnum finalmente encerraria as atividades, PETA declarou que este “é um sinal de mudança dos tempos. Os grandes circos ainda causam sofrimento aos animais“.

No Brasil, grande parte dos estados e cidades já proíbem a desumana utilização de animais no circo, no entanto a proibição ainda não acontece em todo o território nacional, infelizmente. Isso significa que cabe a cada um de nós lutar pelo fim do sofrimento animal, até que esta sádica prática tenha um fim definitivo e nenhum outro animal tenha que sofrer pelo mero e vulgar entretenimento humano.

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Além disso, é necessário também acabar com toda a cultura “freak” que os circos tentam estimular. Mascarados pela “arte”, os circos expõe os mais variados tipos de pessoas como se fossem aberrações, incentivando assim toda forma de preconceito com anões, gigantes, obesos, crianças e mulheres.

Isso significa que todos os circos deveriam parar de existir? É evidente que não. Há inúmeros circos que são arte legítima, tal como o Cirque du Soleil que apresenta unicamente o talento e habilidades de seus artistas, sem maltratar nenhum animal ou ser humano. Devemos simplesmente cessar toda forma de sofrimento.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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