Estudo afirma que golfinhos e baleias sentem pela perda de parentes próximos


Uma nova descoberta coloca mais dúvidas sobre se outras espécies, além da humana, têm sentimentos. Quem tem bichinhos, como cachorro e gato, acredita que sim.

Em relação a outros mamíferos, como a baleia e o golfinho, além da sabida inteligência que esses animais têm, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Milano-Bicocca, na Itália, esses cetáceos ficam tristes com a mortes de seus parentes, devido ao forte vínculo que estabelecem durante a vida. Já foram vistos sete espécies de mamíferos ao lado de um corpo de animal morto, o qual, provavelmente, deveria ser um filhote ou outro parente. A possível explicação para esse fenômeno chama-se luto. Melissa Reggente, uma das coautoras da pesquisa, afirma que os animais estão de luto, porque sentem dor e estresse por saberem que há algo errado.

Não é a primeira vez que cientistas documentam o luto de algumas espécies. Várias delas, como girafas a chimpanzés, se comportam como se lamentassem a morte de parentes. Segundo Barbara King, professora emérita de antropologia da faculdade de William e Mary, nos Estados Unidos, e autora do livro “O que sentem os animais?”, diz que os animais sofrem de angústia emocional associada à perturbação do comportamento usual. Ela dá como exemplo o elefante, que retorna ao local onde um companheiro foi morto várias vezes para visitá-lo.

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Animais têm sentimentos?

A pesquisa italiana acrescenta mais um ingrediente ao caldo de debate se os animais têm sentimentos ou não. Se sim, como as emoções influenciam o tratamento dos humanos a eles?

Reggente e demais pesquisadores, em artigo publicado no Journal of Mammalog, apresentaram relatos, em grande parte inéditos, do chamado comportamento de luto em sete espécies de mamíferos marinhos. Eles afirmam que “é muito comum, e há uma distribuição mundial deste comportamento”. Um desses relatos é de cientistas que estavam em uma embarcação no Mar Vermelho e viram um golfinho-roaz empurrar o cadáver de um animal menor na água.

Os pesquisadores capturaram o animal morto para enterrá-lo e o golfinho seguiu o corpo nadando ao seu lado, tocando-o em alguns momentos, até que a água ficou rasa para que pudesse continuar a sua despedida. O curioso é que o adulto permaneceu perto da costa muito tempo depois de ter sido afastado do seu provável filhote.

O luto tem um alto custo para os animais. Enquanto lamentam a sua perda, deixam de caçar e de reforçar seu elo com outros animais da espécie. A hipótese dos pesquisadores é que os animais ficam de luto por parentes próximos. Não é sempre que eles têm informações sobre o grau de parentesco entre o animal vivo e o animal morto.

No caso da orca conhecida como L72, os pesquisadores sabiam que ela havia dado à luz recentemente. Ela foi vista em San Juan Island, nos EUA, com um recém-nascido morto em sua boca. “Ela estava tentando manter o filhote [morto] na superfície durante todo o tempo, equilibrando-o em cima da cabeça dela”, disse Robin Baird, do Cascadia Research Collective (EUA), e uma das testemunhas dos esforços da mãe.

O artigo documenta, ainda, o caso de um grupo de baleias-piloto-de-aleta-curta no Oceano Atlântico Norte que fez um círculo protetor em torno de um adulto e filhote mortos. Um outro caso é de um golfinho-rotador, no Mar Vermelho, que empurrou o corpo de um jovem em direção a um barco. Ao puxarem o cadáver, os navegantes viram um grupo de golfinhos circulando o barco e, depois, nadando para longe.

Reggente atesta que os cientistas não sabem explicar por que os golfinhos fizeram isso. King considera que ” às vezes podemos estar vendo curiosidade ou exploração, ou comportamento que pode ser uma dificuldade em se ‘desligar’, mas que “é inegável que também podemos ler algo como dor nos animais, pela energia que gastam para transportar ou deixar os mortos à tona, tocando o corpo repetidamente, nadando em torno do indivíduo”.

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Fonte: hypescience




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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