Após 22 anos de extinção na natureza, Ararinhas-azuis serão reintroduzidas no sertão da Bahia


Vamos começar a semana com uma notícia ótima!

11 de junho será a data de soltura do primeiro grupo das Ararinhas-Azuis em Curaçá, na Bahia.

A soltura das ararinhas é um momento de grande expectativa para todos devido à enorme riqueza ambiental que representa o retorno deste espécie vista pela última há 20 anos.

Retorno aos céus

Pela primeira vez na história, um animal extinto da natureza será reintroduzido ao seu ambiente de origem.

A espécie Cyanopsitta spixii, que foi vista pela última vez nos anos 2000, foi vítima da caça ilegal, e desde então desapareceu da natureza.

O ex-ministro do Meio Ambiente Edson Duarte comemora:

“O ato de soltura das Ararinhas-azuis representa um planejamento muito bem feito carregado de muitos sonhos e esperanças.

Possui um simbolismo muito forte para todos aqueles que trabalham com a questão ambiental, equilíbrio do planeta, qualidade de vida.

Este Projeto da Ararinha-azul é um dos mais ousados programas de recuperação e reintrodução de uma espécie em todo o mundo. Por isto existe muita expectativa em todo o mundo para essa soltura”.

O biólogo Cromwell Purchase, diretor do Centro de Reintrodução da Ararinha-azul, em Curaçá, alerta sobre o momento exigir cuidados especiais e precisar de medidas de proteção.

Ele destaca:

“O momento exigirá silêncio e manuseio técnico das araras, caso contrário, elas podem ficar assustadas e não sair de onde estão. Por isso, uma equipe de filmagem especializada irá registrar todos os detalhes e irá disponibilizar as imagens para o mundo”.

Reintrodução das espécies

A ararinha-azul é considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo.

Endêmica de uma pequena região no semiárido, a última ararinha desapareceu da Caatinga baiana em outubro de 2000, o que levou a espécie a ser classificada como Criticamente em Perigo (CR), possivelmente Extinta na Natureza (EW).

A reintrodução das ararinhas-azuis no seu bioma de origem é um processo em ação do Plano de Ação Nacional (PAN) da Ararinha-Azul em conjunto com organizações internacionais.

Cientistas do mundo inteiro trabalham desde 2009 para a reintrodução das ararinhas-azuis por meio de uma Cooperação Técnica entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e a ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP).

Monitoramento

Neste primeiro momento, oito ararinhas-azuis serão soltas.

Para monitorar como as aves irão se sair voando livremente na natureza, elas receberam microchips, com transmissores, que possibilitarão a fiscalização do comportamento e a possibilidade de perigo.

Em março de 2020, 52 ararinhas chegaram da Alemanha e Bélgica para o Centro de Reintrodução da Ararinha-azul.

Desde então, elas passaram por um processo de adaptação ao clima e à alimentação. Elas foram treinadas junto com araras maracanãs, uma espécie nativa do Sertão, que consegue ‘ensinar’ as aves como se comportar no ambiente silvestre.

Também haverá um espaço com alimentação suplementar, técnica denominada “soft release“, para o caso das ararinhas retornarem.

A ideia é que aconteçam mais solturas nos próximos anos até que exista uma população estável da espécie.

Vamos comemorar!

Após 22 anos de extinção na natureza, a soltura do primeiro grupo de ararinhas-azuis está confirmada!

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Lara Meneguelli


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Este artigo possui 2 comentários

  1. Gilmar
    Publicado em 30/05/2022 às 10:14 pm [+]

    Ótima matéria que valoriza a importância deste momento tão esperado. Porem a foto presente na reportagem nao se trata da ararinha azul. A espécie é visivelmente bem diferente desta que foi postada. De qualquer forma obrigado pela informação de grande relevancia para os amantes da natureza


  2. Daia Florios
    Publicado em 31/05/2022 às 9:26 am [+]

    Agradecemos seu comentário <3


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