Não omissão da Vale poderia ter evitado tragédia em Brumadinho


Depois do rompimento da barragem de Brumadinho, como anda a investigação sobre a mineradora Vale?

De acordo com um relatório da Agência Nacional de Mineração (ANM), a Vale sabia dos problemas estruturais na barragem, motivo pelo qual, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o acidente, propõe o indiciamento da empresa, da TÜV SÜD e de mais 22 pessoas implicadas, dentre elas o presidente da Vale à época, como informou o Jornal Nacional.

A Vale, conhecendo o problema, teria omitido aos agentes de fiscalização dados que eram fundamentais para a segurança de suas atividades.

A omissão da empresa criou as condições para o acidente que matou 252 pessoas, deixou 18 desaparecidas e provocou um enorme desastre ao meio ambiente.

Provas de omissão

A ANM teve acesso a uma foto que comprova a existência de sedimentos na saída de um dos drenos da barragem nos registros da Vale, mas que jamais foi apresentada à agência. A versão a que os fiscais tiveram acesso continha uma única foto que mostrava apenas um problema em uma canaleta de escoamento de água de chuva, o que não afetaria a segurança da barragem.

O relatório ainda menciona que foram omitidos pela Vale os resultados de aparelhos de medição da pressão da água da barragem, os piezômetros, os quais entraram em nível de emergência 15 dias antes do rompimento.

Leituras fora do padrão também foram capturadas por um radar que faz a medição das movimentações da barragem em dois momentos, sete meses e um mês antes do rompimento.

Para a ANM, se as informações não tivessem sido omitidas, os danos, possivelmente, poderiam ter sido evitados. O diretor do órgão, Eduardo Leão, salienta que:

“Acionar a evacuação, acionar o plano de segurança de barragem dependendo do nível de reporte. Por exemplo, o dreno, que é carreamento de sedimento, isso é gravíssimo. Isso aí, nossa equipe já teria no outro dia fazendo vistoria, ajudando, tentando descobrir o que tá acontecendo e já iria acionar o nível de alerta um e devido à proximidade do refeitório, por exemplo, já poderíamos ter interditado a usina, com aquele movimento”.

A Vale já recebeu 30 multas. O valor máximo de cada uma é de apenas R$ 7 mil. Ou seja, a empresa foi quem sofreu o menor prejuízo.

A CPI da Câmara aprovou, esta semana, o parecer final de seus trabalhos, que propõe o indiciamento da Vale, da empresa contratada por ela para elaborar os laudos de segurança, a Tüv Süd, e de mais 22 pessoas.

O parecer aponta que houve omissão dolosa dos agentes. O deputado Rogério Correia (PT-MG), relator do parecer, comenta que:

“Nós colocamos provas concretas, que demonstram cabalmente que pessoas, além das empresas, sabiam que isto iria acontecer”.

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Fonte foto: El Pais




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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