A Noruega é ou não é um país preocupado com o meio ambiente?


Recentemente, a Noruega juntamente com a Alemanha, anunciou o corte de verbas usadas para reflorestar a Amazônia. O Presidente Jair Bolsonaro rebateu a notícia com uma frase que soou como um verdadeiro “tapa na cara”, mas será que ele tem razão?

“A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós. Pega a grana e ajuda a (chanceler alemã) Angela Merkel a reflorestar a Alemanha”, respondeu Bolsonaro quando foi interrogado sobre a decisão da Noruega em suspender a verba ao Fundo Amazônia.

Caça às baleias

Apesar da Noruega ser a maior financiadora do programa, de certa forma Bolsonaro tem razão. Na Noruega a caça comercial de baleias ainda é permitida, mediante algumas regras e cotas estipuladas pelo Ministério de Pesca do país. O comitê de ciência da Comissão Internacional da Caça de Baleias (IWC), permite a caça sustentável de baleias da espécie minke.

Mas felizmente, segundo a BBC, a quantidade de baleias caçadas tem sido menor do que a cota estipulada por eles. De acordo com os pescadores, as cotas anuais não são atingidas devido à falta de capacidade de usinas de processamento da carne de baleia e do preço do combustível. Além disso, as baleias estão se distanciando cada vez mais da costa, devido ao aquecimento global.

Apesar de permitir a caça sustentável de baleias, o IWC classifica a caça às baleias uma prática cruel, pois não é levado em consideração o sofrimento do animal. As baleias são mortas com arpões de granada, os quais se abrem dentro do animal fazendo com que elas agonizem por horas. A granada que explode dentro delas, causa um verdadeiro trauma físico nas baleias.

Noruega, mineração e contaminação na Amazônia

As desconfianças sobre o interesse da Noruega em preservar a Amazônia, não vêm de hoje. Em 2017, o BBC News Brasil publicou uma notícia sobre a denúncia no envolvimento da Noruega com a mineradora Hydro, de quem é a maior acionista.

De acordo com a notícia, a mineradora Hydro é alvo de denúncias e processos judiciais por contaminação de rios e comunidades de Barcarena, no Pará. Esse município está localizado em uma das regiões mais poluídas da floresta amazônica.

Em 2009, uma das subsidiárias da empresa causou o transbordamento de lama tóxica nos rios da região amazônica, colocando a população em risco e gerando a morte de peixes e destruição da biodiversidade. Testes realizados pela Universidade Federal do Pará indicaram que um a cada cinco moradores da região, foram contaminados por chumbo.

Na época, a Noruega foi criticada por sua omissão com relação à responsabilidade nesse acidente, mas os responsáveis pelo laboratório da UFPA criticaram essa atitude alegando que a preocupação com a Amazônia vai muito além do desmatamento, devendo ser estendida aos rios, solos e à população.

Provocações do Presidente Bolsonaro

Após rebater a Noruega com a frase citada no início, o Presidente Jair Bolsonaro postou em sua rede social um vídeo sobre a caça às baleias, mencionando o país que cortou as verbas para o Fundo Amazônia. Porém, o vídeo que ele selecionou para tentar “cutucar” a Noruega foi um engano, pois o local onde aparecem as cenas, na verdade são da Dinamarca.

De acordo com as informações do site DW Brasil, o vídeo foi gravado por agências internacionais nas Ilhas Faroé, arquipélago que pertence à Dinamarca. Assim como esse, vários outros vídeos circulam pelo YouTube referindo-se ao local como se ficasse na Noruega.

Não obstante a “meia falsidade” do vídeo, porque diz ser de um lugar quando, em vez, é de outro, resta verdadeiro o fato de que a caça às baleias é uma atividade cruel, a qual a Noruega permite. Ainda que atitude do Presidente Jair Bolsonaro em provocar a Noruega não tenha dado muito certo, e apesar de a Noruega não ser o melhor exemplo de sustentabilidade, o seu corte de verbas para a proteção da Amazônia continua sendo lamentável.

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Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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