Como é, hoje, a vida da população afetada pela tragédia ocorrida em Bento Rodrigues?


Como será que vivem, atualmente, as pessoas afetadas pela tragédia provocada pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana?

Os moradores de Bento Rodrigues, distrito da cidade mineira onde ficava a barragem controlada pela mineradora Samarco, tiveram que se adaptar a uma nova realidade. Hoje, eles vivem em residências oferecidas pela mineradora e esperam pela retomada de suas atividades.

Paula Geralda Alves, morada do distrito destruído pelo lamaçal, diz que “hoje tudo é diferente. Lá em Bento, a gente vivia solto, não precisava ficar com casa trancada. Aqui tudo é diferente. As crianças ficam em casa, não tem como brincar. A gente tem toda a assistência da Samarco. A gente está com a esperança de logo logo sair o novo distrito. Amanhã vai ter a votação do terreno e apuração de onde vai ser construído o novo Bento. A esperança é que em breve vai ser construído e a gente vai voltar para o distrito”. Foi ela quem saiu de moto, no dia da tragédia, alertando os vizinhos sobre a lama.

O promotor de Justiça de Minas Gerais, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, em entrevista à EBC, diz que o apoio da Samarco é pontual e não resolve o problema dessas pessoas, que tiveram suas casas e referências destruídas pelo acidente. “Pela dimensão dos danos e pela repercussão que ele traz para Minas Gerais, Espírito Santo e o Brasil, a reação da empresa é pior do que em desastres aéreos. O apoio é pontual. É claro que a Samarco vem tomando medidas, mas pontuais e individuais. O retrato coletivo ainda é insuficiente, quer seja no que se refere às medidas ambientais quanto até mesmo com a segurança da estrutura que lá permanece, bem como o tratamento coletivo dos atingidos”, afirma o promotor.

O sonho de Paula Alves não vai trazer aquela Bento de outrora. E, talvez, uma nova ainda demore. A impressão que fica é de que a Samarco usou a velha tática de promoter tudo, durante o luto, e depois dele, a empresa começa a impor certas dificuldades.

O impacto social e ambiental provocado pela dupla negligência da Samarco, que não tomou as medidas de segurança necessárias no passado e, agora, protela nas ações de segurança para as estruturas do local e de reparo ambiental.

O Código de Processo Civil, segundo o promotor, é insuficiente para tratar um fato tão complexo. Não há uma legislação específica para tratar grandes catástrofes, que precisa avançar para trazer segurança jurídica. Isso traz problemas para o desdobramento do episódio, pois o acordo que tem sido estabelecido com a Samarco, pelo encaminhamento, está trazendo mais benefícios para a empresa do que para o meio ambiente e para as comunidades afetadas.

Talvez te interesse ler também:




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...