O jeitinho brasileiro e o que está sendo feito por Mariana


Marilene Ramos, presidente do Ibama, fala no áudio abaixo sobre o que está sendo feito pelo Ibama, e outros órgãos, para conter os estragos causados pelo rompimento das barragens da Samarco em Mariana-MG.

A empresa está sendo multada e, com outros danos sendo apurados, outras multas ainda poderão surgir. A presidente fala sobre o uso do dinheiro das multas que deverá ser direcionado para projetos de recuperação ambiental nos locais mais impactados.

Por ora, a prioridade, segundo a presidente, é a recuperação da cobertura florestal da bacia do Rio Doce. Para tal, as ações imediatas vêm de uma proposta feita pela própria Samarco e consiste em lançar materiais de origem vegetal, os chamados floculantes, próximos à barragem de Aimorés para que a lama de rejeitos vá para o fundo do rio. Filtros nas barragens também serão instalados para evitar que mais lama chegue ao Rio Doce. Além disso, serão instalados 20 km de barreiras flutuantes no litoral do Espírito Santo para evitar que a lama chegue às áreas de proteção ambiental.

Não dá para imaginar que exista somente maldade no mundo e que alguém, ou melhor, a Samarco tenha feito tudo de propósito, afinal a empresa está, bem ou mal, tendo que arcar com os danos. As multas por maiores que sejam suas somas não limparão totalmente o acidente mas isso não quer dizer que nada possa ser feito e muito menos que a empresa esteja feliz com o ocorrido. Mas o que chama a atenção é que a negligência, a imprudência e a imperícia infelizmente reinam no Brasil.

É o jeitinho brasileiro sempre em ação: em um deixa para lá conjunto, entre governos e órgãos responsáveis pela fiscalização de uma atividade a priori de risco, com a empresa mineradora Samarco, tudo poderia ter sido feito antes para que o acidente não acontecesse. Acidentes acontecem sim, não aconteceu com a usina nuclear no Japão, país de um povo conhecido por sua seriedade? Só que, ao que consta, as instalações da Samarco tinham sido fiscalizadas DOIS anos antes do acidente. A gente sempre reza à Deus para que nada aconteça e se acontecer será um acidente. É o jeitinho brasileiro. Se um outro acidente acontecer a gente é propenso a esquecer e, sabendo disso, as autoridades nunca investem em ações de longo prazo. Questões ambientais são sempre subestimadas porque os danos são de longo prazo e se por enquanto precisarmos explorar para obter lucros imediatos, continuaremos rezando porque, afinal, Deus é brasileiro!

Tanto é assim que, para finalizar, restou falar que a excelentíssima Presidente da República, Dilma Rousseff, demorou uma semana para decidir sobrevoar a área e dar o seu “apoio moral” à tragédia. Quem sabe ela pensou que de repente tudo não passasse de um pesadelo?

Infelizmente o pesadelo pode estar somente começando: falta água em São Paulo, falta água no Rio de Janeiro, agora em Minas e no Espírito Santo também falta e faltará; no sertão nordestino sempre faltou. Não vai ter jeitinho brasileiro que dê conta de tanta falta de responsabilidade e de uma visão avançada sobre meio ambiente, biodiversidade e recursos naturais.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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