Johnson&Johnson paga US$ 72 mi por ligação entre talco e câncer de ovário


Uma decisão histórica colocará a Johnson & Johnson em tempos difíceis. A empresa é acusada de não avisar o consumidor sobre os perigos do seu baby powder à venda no mercado mundial.

Em Missouri, nos Estados Unidos, uma sentença judicial condenou a multinacional a pagar à família de Jackie Fox, mulher falecida no ano passado, aos 62 anos de um câncer de ovário, 72 milhões de dólares.

A causa vencida foi uma ação conjunta que envolveu aproximadamente 60 pessoas e foi a primeira em 1.000 ações nacionais que pediam ressarcimento em dinheiro.

Marvin Salter, filho da falecida, alegou que sua mãe usou a marca do talco em pó (baby powder) em sua higiene íntima durante décadas. Para ela era tão natural como escovar os dentes, informa o The Guardian.

Johnson & Johnson, a maior fabricante mundial de produtos de higiene, pretende apelar contra o veredito, mas há tempos, grupos de consumidores, reunidos em uma campanha, a Campaign for Safe Cosmetics, vem pedindo à empresa pela retirada de produtos questionáveis em seus cosméticos. No ano passado a multinacional decidiu retirar o 1,4-dioxano e o formaldeído de suas formulações pois, ambos ingredientes são considerados cancerígenos e vinham empregados em cosméticos inclusive para uso infantil.

Ao The Guardian, a porta-voz da empresa, Carol Goodrich disse que o veredito “vai contra décadas de ciência que comprova a segurança do talco como ingrediente cosmético em múltiplos produtos”, citando pesquisas feitas pela norte-americana Food and Drug Administration e pelo National Cancer Institute.

Um memorando interno de setembro de 1997 feito pela própria consultoria médica da Johnson & Johnson, sugeria que “qualquer um que negar [os] riscos” entre o uso “higiênico” do talco e o câncer de ovário seria percebido publicamente com a mesma luz daqueles que negam a ligação entre fumar cigarros e câncer de pulmão: “Negando o óbvio em face de todas as evidências em contrário.” Tal documento foi usado pela defesa de Fox.

Fato é que o veredito deste caso “não augura nada de bom para a Johnson & Johnson”, uma vez que a empresa enfrenta pelo menos 1.200 processos judiciais ainda pendentes e possivelmente milhares mais à frente, disse Nora Freeman Engstrom, professora de direito da Stanford University, não envolvida no caso.

“Este caso foi claramente um termômetro e, claramente, o júri achou as provas convincentes”, disse concluindo, “o júri esteve angustiado com conduta da empresa”.

Esperamos que esta decisão judicial se torne um marco na defesa do consumidor que tem o direito de saber sobre os riscos causados pelos produtos, para decidir ou não por sua compra.

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Fonte e foto: http://www.theguardian.com/world/2016/feb/24/johnson-johnson-72-millon-babuy-talcum-powder-ovarian-cancer




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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