Por Trás do Preço: como os supermercados podem ser aliados na defesa dos direitos humanos

Petição com mais de 130 mil assinaturas foi entregue pela Oxfam Brasil aos supermercados nesta quinta-feira (16) com o objetivo de conscientizar e causar mudanças no processo de compra de frutas e verduras


No mundo inteiro, supermercados têm se tornado importantes aliados na defesa dos direitos humanos de trabalhadores rurais. Grandes redes já se comprometeram com esta agenda, comprando apenas de fornecedores que comprovem medidas mínimas de proteção à saúde e integridade dos seus trabalhadores e trabalhadoras, como a adoção de equipamentos de proteção adequados, cumprimento das leis trabalhistas e salários dignos.

Imagem do documentário Frutas Doces, Vidas Amargas

Imagem do documentário Frutas Doces, Vidas Amargas

Por Trás das Suas Compras no Brasil

Mas no Brasil, o cenário é outro. No relatório Por Trás das Suas Compras da Oxfam Brasil, que analisou os compromissos e políticas corporativas dos maiores supermercados brasileiros (Carrefour, Pão de Açúcar e Grupo Big) em comparação com supermercados de outros países, ficou evidente uma grande lacuna em termos de melhores práticas.

Uma petição entregue nesta quinta-feira (16) aos supermercados do Brasil é parte das ações da Coordenação de Justiça Rural, que integram a campanha Por Trás do Preço, realizada mundialmente pela Oxfam desde 2018. A petição, iniciada em 2019, reuniu mais de 130 mil assinaturas e foi acompanhada do pedido de providências com o objetivo de conscientizar os supermercados brasileiros sobre a necessidade de maior transparência em suas cadeias de fornecimento.

A campanha já lançou relatórios, atos públicos e documentários. Entre as evidências que motivam as ações está o descaso com a saúde do trabalhador. No documentário Frutas Doces, Vidas Amargas, foi possível registrar fazendas onde agrotóxicos são armazenados no mesmo ambiente em que os trabalhadores e trabalhadoras guardam seu almoço e suas roupas limpas. Uma das cenas mais fortes do documentário mostra um lavrador com a pele lesionada devido à grande exposição que teve a um desses agrotóxicos.

“Eu peguei essa dermatite por causa do produto que eu usava na fazenda. Tem irrigador (trabalhador que aplica o agrotóxico nas plantações) lá que não tem mais nenhum cabelo”, diz ele.

Boas práticas no mundo

A rede Jumbo, supermercado presente na Holanda e na Bélgica, divulga seus fornecedores por meio de um mapa interativo. A rede de supermercado inglês Sainsbury’s, uma das maiores do país, também divulga a lista global de fornecedores diretos. O Tesco, também de origem inglesa e um dos maiores do mundo, divulga fornecedores de vestuário e frutos do mar. O Lidl, que atua na Europa, divulga fornecedores diretos de vestuário, frutas e vegetais e ferramentas.

Em resposta à pressão da Oxfam, o supermercado holandês Albert Heijn se comprometeu em divulgar seus fornecedores e o segundo maior grupo americano, Kroger, realizou uma série de compromissos seguindo as recomendações. O supermercado Alemão e Holandês Aldi chegou inclusive a conduzir um estudo de impacto aos direitos humanos de sua cadeia de fornecimento de café do Brasil.

Supermercados podem e devem fazer mais

  • 52% dos trabalhadores rurais na cadeia produtiva da manga estão entre os 20% mais pobres do Brasil
  • 46% dos trabalhadores rurais na cadeia da uva estão entre os 20% mais pobres
  • O salário médio no café está 41% abaixo do que seria um salário digno
  • 60% dos trabalhadores rurais no café estão na informalidade

Assine AQUI a petição Por Trás do Preço se você também quiser suas compras livre de mentiras e sofrimento. 

Fonte: Oxfam Brasil

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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