Kipling, Timberland e outras marcas boicotam o couro brasileiro


A VF Corporation vai mesmo cancelar a compra de couro produzido no Brasil. Nessa quinta-feira (29), a empresa – responsável por controlar 20 marcas de vestuário e calçado, como Timberland, Vans, Kipling e The North Face – confirmou que os negócios estão suspensos até que haja meios de comprovar que a produção dos curtumes brasileiros não agride o meio ambiente.

O anúncio foi feito por meio de uma nota pública:

“Desde 2017, nós aprimoramos nosso abastecimento global de couro através de estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável. Como um resultado desse estudo detalhado, não conseguimos assegurar satisfatoriamente que nossos volumes mínimos de couro comprados de produtores brasileiros sigam esse compromisso”,

diz o trecho da nota distribuída para veículos de imprensa, conforme publicou a DW Brasil.

“Sendo assim, a VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança de que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”, completou a empresa.

O assunto já havia ganhado repercussão no início da semana, quando a Folha de São Paulo divulgou que o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) enviou uma carta para o Ministério do Meio Ambiente manifestando preocupação em relação à decisão da VF e quanto aos impactos negativos das queimadas para o setor.

No entanto, na quarta-feira (28), o próprio presidente do CICB, José Fernando Bello, veio a público para dizer que o fornecimento e exportações continuavam normais. Em seguida, o presidente Jair Bolsonaro manifestou-se nas redes sociais, comentando o posicionamento de Bello e, mais uma vez, atacando a imprensa:

“Mais cedo, jornais publicaram que 18 marcas suspenderam a compra de couro brasileiro. Àqueles que torcem contra o país e que vergonhosamente divulgaram felizes a notícia, informo que o Centro de Indústria de Curtumes do Brasil negou tal suspensão. As exportações seguem normais.”

A nota da VF no dia seguinte pôs um fim ao disse-me-disse. Resta saber que atitudes o governo brasileiro tomará diante da confirmação de mais um abalo em relações comerciais internacionais motivado por discordâncias de parceiros quanto às políticas ambientais.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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